Declarações de políticas | O Uso do Flúor para a Promoção da Saúde Oral | Revisão

Submetido para adoção pela Assembleia Geral | Agosto de 2017, Madrid, Espanha

ENQUADRAMENTO

Apesar de todos os esforços realizados até hoje, a cárie dentária continua a afetar crianças, adultos e idosos, constituindo a doença crónica de maior prevalência a nível mundial, o que a torna um enorme desafio global para a saúde pública(1). A cárie dentária pode limitar a capacidade do indivíduo para falar, sorrir, cheirar, saborear, tocar, mastigar e engolir, bem como para transmitir um sem número de emoções através de expressões faciais, com confiança e sem dor nem desconforto(2). Mais ainda, ela pode aumentar o risco de ocorrência de algumas doenças sistémicas. Uma boa saúde oral é, portanto, essencial para se assegurar a saúde e o bem-estar em geral(2).

Existem numerosos factores sociais que, ao aprofundarem os desequilíbrios no acesso à saúde oral, se traduzem num aumento da prevalência e da severidade da cárie dentária no seio das populações mais desfavorecidas(3). A adoção de medidas cientificamente comprovadas permite a prevenção, a gestão e o tratamento da cárie dentária na sua fase inicial, não cavitada. Assim, é aconselhável evitar dietas pouco saudáveis com comidas e bebidas açucaradas, em particular aquelas com alto conteúdo de açúcares livres, e manter bons hábitos de saúde oral, incluindo a remoção regular da placa bacteriana e o uso adequado de creme dental com flúor.

Os iões fluoreto em baixas concentrações são essenciais para inibir, reduzir ou interromper a desmineralização do esmalte, favorecendo ainda o processo de remineralização do tecido dentário(4,5).

 

ÂMBITO

Existem diversas soluções com boa relação custo-benefício que permitem fornecer flúor às populações; porém, elas devem ser implementadas em conformidade com a respetiva realidade regional e ao abrigo da legislação nacional em vigor.

Para um nível ótimo de prevenção, o flúor pode estar naturalmente presente na água de consumo, ou ser adicionada à agua de abastecimento público através de programas nacionais de saúde pública. Nos casos em que as águas de abastecimento ou subterrâneas contenham concentrações naturais de flúor acima do nível aconselhado, recomenda-se a desfluoretação ou ainda o recurso a uma fonte alternativa de água de consumo. A fluoretação da água é a forma mais eficaz, segura, equitativa e rentável para prevenir, gerir e tratar lesões por cárie dentária em larga escala. Nas concentrações e doses adequadas, o flúor pode também ser adicionado ao sal ou ao leite(4).

No que diz respeito às estratégias individuais, os cremes dentais, colutórios, géis e vernizes com flúor têm vindo a mostrar-se eficazes na prevenção, gestão e tratamento precoce da cárie dentária, quando utilizados nas idades e dosagens indicadas, de acordo com as recomendações vigentes em cada país(4,5,6).

 

DEFINIÇÕES

O papel do flúor na saúde oral – A eficácia preventiva, a relação custo-benefício e a segurança dos produtos com flúor estão comprovadas no que diz respeito à redução da incidência e severidade da cárie dentária, bem como ao retardamento do seu aparecimento(3). Existe evidência clínica de que o flúor desempenha um papel terapêutico no tratamento de lesões de cárie não cavitadas no esmalte e ainda de cáries cavitadas, tais como lesões cariosas radiculares. Esta redescoberta recente dos benefícios da aplicação tópica do flúor é especialmente relevante para a luta contra a cárie dentária, em particular quando combinada com a remoção da placa bacteriana.

 

PRINCÍPIOS

A FDI exorta todos os países a reconhecerem o acesso universal ao uso responsável e adequado do flúor para a manutenção da saúde oral como parte do direito humano básico à saúde.

 

POLÍTICA

A FDI defende o uso do flúor nas doses e concentrações adequadas para a prevenção, gestão e tratamento da cárie incipiente em crianças, adultos e idosos, e apela igualmente à implementação de políticas que:

• assegurem medidas de saúde pública abrangentes que permitam o acesso universal ao flúor a custos razoáveis e em concentrações eficazes, em prol da prevenção da cárie dentária e da promoção da saúde oral;

• utilizem, nas estratégias e programas de promoção da saúde, os meios mais apropriados para disseminarem informação sobre os benefícios do flúor para prevenir a cárie dentária;

• divulguem informação sobre a importância do flúor no tratamento das lesões cariosas não cavitadas;

• incentivem os governos a reduzir ou eliminar taxas e tarifas sobre produtos fuoretados para a saúde oral;

• alarguem as atribuições das autoridades nacionais de fiscalização alimentar, para uma melhor supervisão dos padrões de qualidade dos cremes dentais e dos colutórios, em conformidade com a ISO11609:2017 e a ISO 16408:2015, respetivamente.

 

PALAVRAS-CHAVE

Cárie dentária, Saúde oral pública, Saúde oral, Flúor

 

ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

A informação constante da presente Declaração tomou em consideração os melhores conhecimentos científicos disponíveis à presente data. A referida informação poderá ser interpretada no sentido de reflectir sensibilidades culturais e constrangimentos socioeconómicos preponderantes.

 

REFERÊNCIAS

1. FDI World Dental Federation (2015). The Challenge of Oral Disease – A call for global action. The Oral Health Atlas. 2ª ed. Genebra: FDI.

2. FDI World Dental Federation (2016). “FDI’s new definition of oral health”, consultado a 20 de janeiro de 2017.

3. World Health Organization (2012). “What are social determinants of health?“, consultado a 20 de janeiro de 2017.

4. O’Mullane, D. et al. (2016). “Fluoride and Oral Health”, Community Dental Health, vol. 33, pp. 69–99.

5. Lenzi T. (2016). “Are topical fluorides effective for treating incipient carious lesions?”, JADA – The Journal of the American Dental Association, vol. 147(2), pp. 84-91.

6. Sakuma, S. et al. (2004). “Fluoride mouth rinsing proficiency of Japanese preschool-aged children”, International Dental Journal, vol. 54(3), pp. 126-130.

7. Wierichs, R. J. et al. (2015). “Systematic review on noninvasive treatment of root caries lesions”, J Dent Res, vol. 94(2), pp. 261-271.

 

 

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