Sono e saúde oral

Acordar noturno frequente, ressonar, enxaqueca matinal e sonolência excessiva diurna?

Cerca de 1/3 da nossa vida é passado a dormir. No entanto, devido a inúmeras situações e fatores, este estado de desconexão reversível do meio que nos rodeia, nem sempre acontece em qualidade e quantidade.

Uma boa noite de sono é primordial para restabelecer funções endócrinas, metabólicas e intelectuais, permitindo que o organismo recupere o desgaste físico e mental do dia a dia.

Uma noite de sono mal dormida tem um efeito semelhante a um estado leve de embriaguez, prejudicando a coordenação motora, afetando as capacidades cognitivas ao nível do raciocino e da memória.

Estima-se que cerca de 80% da população adulta, apresenta pelo menos um distúrbio de sono por diagnosticar. Sendo que as mais prevalentes entre a população, são a Insónia, a síndrome das pernas inquietas e o Ronco e a Apneia Obstrutiva do Sono, levando à fragmentação do sono e contribuindo em grande parte, para o aumento de risco de hipertensão arterial, doença cardiovascular, diabetes, sonolência excessiva diurna, risco de acidentes de viação e consequente perda da qualidade de vida.

A boa noticia é que são tratáveis!

 

APNEIA

Cerca de 80% da população mundial que sofre de apneia, está sub-diagnosticada.

A apneia do sono é uma doença crónica com elevado índice de mortalidade e morbilidade (existe um risco fatal quando não tratada), mas perdes muita qualidade de vida e podes ter outras doenças associadas como a Diabetes , a Hipertensão e a doença cardiovascular.

Nas crianças com idades compreendidas entre os 2 e 8 anos, a prevalência da apneia estima-se que esteja entre os 1 a 5 %. A apneia não tratada em crianças e adolescentes está relacionada com um baixo rendimento escolar, falta de concentração, irritabilidade, hiperatividade e mau comportamento.

O diagnóstico precoce dos distúrbios respiratórios do sono, em crianças e adolescentes, permite prevenir o aparecimento de outras doenças associadas, como por exemplo a obesidade e a diabetes, assim como, evitar má oclusão dentária, alterações da mastigação, da deglutição e má postura.

Por isso, o rastreio e o diagnostico precoce de distúrbios respiratórios obstrutivos do sono, como o ronco e a apneia obstrutiva do sono, tanto em crianças como em adultos, é essencial para estabelecer a melhor forma de tratamento.

O médico dentista tem um papel fundamental na integração de equipas médicas multidisciplinares (Pneumologia, Medicina Interna a Otorrinolaringologia e a Pediatria) no âmbito do rastreio, diagnóstico e tratamento destes distúrbios, em crianças, adolescentes e adultos.

Consulte o seu médico dentista.

 

SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA:

Quais são os principais sinais de alerta da Apneia Obstrutiva do Sono?

Em adultos, os sinais mais frequentes, de apneia são: o acordar noturno frequente, nictúria (necessidade de acordar para urinar), ressonar, Transpiração excessiva noturna, Tosse seca irritativa ao deitar ou ao acordar, engasgo e acordar sufocado, despertar sufocado ou com falta de ar, enxaqueca matinal, sonolência excessiva diurna, cansaço, fadiga, olheiras marcadas, papos e pele baça, alterações de humor, irritabilidade e ansiedade, perda de memória e diminuição da concentração.

A nível metabólico verifica-se aumento de peso, resistência à insulina, diabetes, colesterol elevado, hipertensão arterial e doença cardiovascular.

As crianças e os adolescentes, regra geral apresentam: transpiração excessiva noturna, ressonar, sono muito agitado com movimentos involuntários de braços e pernas, respiração oral noturna (babam a almofada com frequência), hiperdesenvolvimento de adenoides e amígdalas, enurese (perda involuntária de urina), sonolência no despertar, alterações cognitivas com dificuldade da aprendizagem, mau comportamento e baixo rendimento escolar.

Perante a presença destes sinais de alerta é importante procurar ajuda médica. E, atenção! Desde a Medicina Dentária, à Pneumologia, à Otorrinolaringologia, à Pediatria, deve procurar um clínico com diferenciação em medicina do sono. Sim, existem várias especialidades médicas a que pode recorrer – e, em segurança, visto que as unidades de saúde têm aplicados protocolos e circuitos para a garantir.

Porque existe tratamento, mas deve ser aplicado o mais rapidamente possível!

 

A saúde oral é muito mais do que apenas a saúde dos dentes e das gengivas.

Muitas vezes, os sintomas presentes na boca são sinais de outros problemas ou doenças em outras partes do corpo.

O médico dentista pode ajudar a identificar os sinais orais mais comuns da apneia do sono em adultos:

– Mau hálito matinal

-Lábios e boca seca ao acordar

– Língua seborreica e ou gretada

– Língua volumosa e retroposicionada

– Boca ardente

-Saliva espessa ou falta de saliva

– Sinais de mordida da bochecha ou língua

– Desconforto, dor ou Tensão muscular facial ao acordar

– Dor na articulação temporo mandibular e região adjacente

– Dor de cabeça matinal

– Desgaste dentário, fissuras de esmalte dentário ou fraturas de esmalte, sem causa aparente

– Sensibilidade e mobilidade dentária sem causa aparente

– Episódios de ranger ou apertar os dentes durante o sono designados por “Bruxismo do sono”

– Inflamação gengival recorrente e em situações mais graves doença periodontal

 

HIGIENE DO SONO

Uma boa higiene do sono é uma prática útil e relevante transversal no tratamento destes distúrbios e a outras patologias quer em adultos, quer em crianças e adolescentes.

O sono deve ser restaurador e revigorante, sendo essencial para manter o equilíbrio interno.

Mas para que isso aconteça deve haver uma boa higiene do sono.

Mas o que é a higiene do sono?

É um conjunto de medidas e comportamentos a adotar e que ajudam a melhor a qualidade do sono e a qualidade de vida, quando aplicadas de forma regular, constante e recorrente.

Quais os comportamentos a adotar para termos uma boa higiene do sono?

  • Manter horários regulares de deitar e acordar constantes, incluindo fins de semana.
  • Evite exposição a ecrãs azuis pelo menos 2h antes de deitar (evite o uso de computadores, tablets ou telemóveis antes de deitar).
  • Evite a prática de exercício físico nas 4 h antes de se deitar.
  • Dê preferência à leitura ou à música.
  • Não realize sestas superiores a 45 min.
  • Faça uma refeição ligeira à noite e preferencialmente antes das 21h. Evite comidas pesadas ou doces antes de dormir.
  • Evite consumir álcool e tabaco após o jantar.
  • Evite café, chá preto ou refrigerantes antes de dormir.
  • Pratique meditação antes de deitar, ajuda-o a relaxar e a controlar a respiração.
  • Tome um banho morno ou quente antes de deitar.
  • Use roupa confortável.
  • Certifique-se de que o ambiente do quarto é acolhedor, com temperatura adequada, luz de presença amarela ou alaranjada.

Priorize a qualidade do seu sono. Ganhe saúde! Cuide de si!