A abordagem restauradora de dentes posteriores tem sofrido alterações significativas ao longo dos últimos anos. A realização de preparos mais conservadores, a aplicação de técnicas adesivas e a reabilitação mediante restaurações parciais adesivas têm demonstrado vantagens de caráter estrutural e biológico, que se refletem na longevidade do dente restaurado.
A presença de margens subgengivais, frequentemente encontradas em classes II, pode dificultar a execução de alguns passos em casos de restaurações indiretas, tais como o isolamento absoluto, os procedimentos adesivos, a impressão e a cimentação adesiva.
A contaminação com sangue e com saliva durante os procedimentos adesivos afeta significativamente as forças adesivas e resulta na possível falha da restauração. Assim, na presença de cavidades proximais profundas é essencial controlar estas etapas clínicas e obter integridade marginal, sendo este um dos critérios mais importantes para o sucesso da restauração.
A elevação da margem gengival foi introduzida por Dietschi e Spreafico (1998) para simplificar os procedimentos da cimentação adesiva. Esta técnica pode constituir uma alternativa não invasiva à cirurgia de alongamento coronário.
Recorrendo à aplicação de uma pequena quantidade de resina composta, é possível recolocar as margens profundas para um nível supragengival.
Para além de elevar a margem gengival, esta restauração sela a dentina, reforça cúspides debilitadas, preenche espaços retentivos e cria uma nova geometria na cavidade que irá receber a restauração indireta.
Com base numa análise da literatura e experiência clínica, serão discutidas as formas de integrar estes conceitos na prática clínica diária.