A promoção da literacia em saúde e a integração dos cuidados de saúde são as premissas do “SNS + Proximidade”, que foi apresentado na semana passada, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo.

A iniciativa vai abranger mais de 650 mil utentes, 18% do total de inscritos na região Norte, e tem como objetivo diminuir as idas às urgências e os episódios de internamento. Para tal, serão disponibilizados exames, como análises clínicas, raio-X, espirometrias e eletrocardiogramas, bem como alguns tratamentos, nomeadamente terapia da fala e reabilitação física.

“Os ACES (Agrupamentos de Centros de Saúde) participantes neste projeto-piloto acordarão com os hospitais de referência uma forma expedita para a realização de meios complementares de diagnóstico (análises ao sangue, radiografias) para os doentes de atendimento imediato não programado (“consultas do dia”) nos cuidados de saúde primários”, lê-se no projeto.

Os centros de saúde de Matosinhos, o Centro Hospitalar do Porto, o Hospital de Santa Maria Maior, em Barcelos, bem como os ACES de Gondomar, Porto Ocidental e Esposende/Barcelos são as unidades onde está a decorrer a experiência.

O plano apresentado é constituído por quatro áreas-piloto, que vão possibilitar a articulação entre as várias redes de cuidados e, destas, com o cidadão, que passa a estar no centro do sistema. São elas a literacia em saúde, o percurso individual de cuidados, a doença aguda e a requalificação dos espaços.

O projeto integra um plano de reformas mais abrangente, que se encontra em curso e que inclui as experiências-piloto de integração de cuidados de medicina dentária nos centros de saúde. Aliás, a Ordem foi consultada recentemente sobre uma possível participação dos médicos dentistas ou da própria OMD no “SNS + Proximidade”.

Assim, este projeto dá continuidade à diversificação dos recursos humanos dos ACES, numa lógica de multidisciplinaridade, e tem em consideração que o “necessário aumento da resposta dos CSP [Cuidados de Saúde Primários] requer a integração de novas profissões”, como médicos dentistas, psicólogos ou nutricionistas, “de acordo com as necessidades da população”.

Este plano vai tirar partido “de algumas experiências no âmbito da integração dos cuidados de saúde iniciadas num passado mais ou menos recente”, pelo que o projeto a implementar vai incorporar “sistematicamente todas as funcionalidades que, entretanto, têm sido desenvolvidas para a boa gestão dos percursos das pessoas através dos sistemas de saúde”.

A aposta na região Norte está relacionada com as melhores condições que esta apresenta para acolher o projeto, em particular a quase total cobertura de médicos de família e ACES (Agrupamentos de Centros de Saúde) com outros profissionais de saúde.

Caso os resultados sejam positivos, o Ministério da Saúde tenciona alargar o projeto-piloto a todo o país, no próximo ano. O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, que encerrou a sessão, esclareceu que o projeto “vale muito pela sua integração” e afiançou que o ministério quer que os “utentes tenham um papel mais ativo na gestão da sua doença e saúde”.

“Precisamos que estejam mais bem informados e, por sua vez, que os cuidados de saúde primários estejam mais disponíveis para os receber, estabelecendo uma maior relação com os cuidados hospitalares”, afirmou.

A OMD esteve representada na sessão de apresentação do “SNS + Proximidade” pelo vice-presidente do Conselho Diretivo, Pedro Pires, e pelo presidente do Conselho Geral, Paulo Ribeiro de Melo.


Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, na apresentação do projeto SNS + Proximidade.