O Hackathon “Saúde Oral, Saúde Geral” realizou-se no Porto, dia 6 de abril, e juntou mais de 50 participantes, entre médicos dentistas e membros da sociedade civil, para pensar e debater o futuro da medicina dentária.

O brainstorming e as dinâmicas de grupo incidiram sobre vários temas atuais da área da saúde oral, como a emigração, a reforma do plano curricular ou a integração da medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde, com o objetivo de mudar o paradigma da profissão, proporcionar melhores cuidados à população e, por outro lado, promover o conceito de saúde como um todo.

Foi utilizada a metodologia “World Café”, que privilegia um ambiente informal e produtivo, para introduzir os cinco tópicos em análise pelos diferentes grupos de trabalho. Depois da discussão do problema, os participantes apresentaram várias soluções e recomendações.

Uma das propostas debatidas no Hackathon foi a criação de uma ferramenta, dentro da Linha SNS 24, que possibilite ao utente realizar um autoexame e fazer a própria supervisão do seu estado de saúde, através de um questionário. Dentro desta temática, os participantes sugeriram incluir questões, relacionadas com várias áreas da saúde, como por exemplo: “Já escovou os dentes hoje?”; “O que comeu?”; ou “De 0 a 10, como se sente?”.

Ao longo da sessão, temas como a saúde humana, animal e ambiental, ou ainda o plano curricular, também foram bastante discutidos. No âmbito do curso de medicina dentária, Manuel Fontes de Carvalho, antigo bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, revelou alguns detalhes do Processo de Bolonha.

Acima das expectativas

Miguel Pavão foi um dos participantes do Hackathon e no final dos trabalhos fez um balanço extremamente positivo da iniciativa. “O evento excedeu as expectativas. O Hackathon trouxe uma sensação de perspetiva para a profissão e de envolvimento dos jovens. Colocámos o dedo na ferida de alguns problemas, mas de uma forma muito responsável e muito conscienciosa, apontando soluções. Nós, na nossa sociedade e nas nossas profissões, só deveríamos estar autorizados a fazer críticas no dia em que, simultaneamente à crítica, apontamos o caminho de uma solução. Foi o que o Conselho de Jovens Médicos Dentistas fez neste Hackathon. Este é um modelo aberto, não só à medicina dentária, mas aberto a outras profissões e à sociedade civil. Acrescentámos valor à profissão, à geração e à sociedade”, considerou o bastonário da Ordem.

Do lado do CJMD, o presidente António Pereira da Costa elogiou o âmbito da iniciativa e a própria adesão ao evento. “Foi um sucesso e superou todas as expectativas. A verdade é que as inscrições esgotaram em tempo recorde. A empresa que ajudou a desenvolver o evento fez um trabalho excecional, contribuindo com orientações valiosas. Contámos com mais de 50 profissionais de diversas áreas, incluindo artistas, engenheiros, farmacêuticos ou designers, e todos eles ficaram mais conscientes dos desafios que enfrentamos.

Foi igualmente muito gratificante juntar personalidades tão distintas, como o bastonário da OMD, o Coordenador Nacional da Saúde Oral e a Chief Dental Officer, para debater os temas propostos, que são importantes e estão na ordem do dia da nossa classe. Também houve oportunidade para pensar a medicina dentária do amanhã, tanto na vertente tecnológica e na tão ou mais importante componente humana. Isto sem esquecer o sempre desafiante tema do plano curricular, a questão do turismo em saúde e a emigração de profissionais (“brain drain”), que completaram os tópicos a abordar”, começou por referir António Pereira da Costa.

O presidente do CJMD também enalteceu o feedback dos participantes. “Foi francamente positivo. Houve um espírito de união e progresso que, particularmente, só posso valorizar. Daqui para a frente será elaborado um documento com todas as recomendações e ações que resultaram do esforço de todos os intervenientes. Este será enviado, idealmente, a todos os stakeholders”, vincou ainda.