A sessão “Impacto social e económico na medicina dentária”, moderada pelo jornalista Paulo Baldaia e transmitida em direto no Semanário Expresso, incidiu sobretudo sobre o panorama da saúde oral em Portugal, tendo em conta a estratégia do Governo para este setor, o investimento que tem sido efetuado e a sua dimensão na luta contra a pobreza e as desigualdades sociais.

Nesta matéria, os oradores sublinharam a aposta no reforço da capacidade de resposta e acesso a cuidados de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde (SNS), traduzidos na versão final do Relatório da Saúde Oral em Portugal, da autoria do grupo de trabalho SNS – Saúde Oral 2.0, com um horizonte até 2026.

Para Sandra Araújo, esta intenção reflete “uma maior consciencialização sobre o impacto da saúde oral nos vários domínios”. Ainda assim, durante a sua intervenção, a Coordenadora nacional da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza defendeu uma visão integrada. “É necessário investir na prevenção e na literacia, que são muito mais rentáveis do que o tratamento.

Por outro lado, precisamos de mitigar a pobreza. Só com melhores condições de vida é que teremos melhores condições de saúde. A saúde e a pobreza estão muito relacionadas. Há uma relação bidirecional. Esta estratégia tem a preocupação de garantir melhores condições de vida, intervindo e reforçando políticas públicas que têm a ver com a educação, a saúde, a habitação e a dimensão da proteção social”, referiu.

Para melhorar as condições de saúde dos portugueses, Óscar Gaspar explicou que é essencial investir mais neste setor. O Presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada e membro da Comissão Executiva da CIP – Confederação Empresarial de Portugal elencou alguns dados que sustentam a sua ideia.

“De acordo com o relatório “Health at a Glance 2023” da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, Portugal é o pior país dos 38 que estão representados, a nível de necessidades não satisfeitas relacionadas com a saúde oral. O nosso orçamento para a saúde, em relação à média da OCDE, é 30% inferior. Faltam 1500 milhões de euros por ano. Por isso, os problemas do SNS acabam por ser os problemas de todos os portugueses. E claro, as pessoas com mais necessidades são as que mais sofrem”, afirmou Óscar Gaspar.

Neste âmbito, o painel sublinhou a importância do cheque-dentista, assim como o papel da ONG “Mundo a Sorrir” na promoção da saúde oral como um direito universal, nomeadamente junto dos mais desfavorecidos. “Nós fazemos um trabalho de complementaridade.

E se existimos é porque os setores público e privado não chegam. Até agora, conseguimos beneficiar mais de 880 mil pessoas a vários níveis. Ao darmos mais e melhores oportunidades, estamos a quebrar um ciclo de pobreza”, vincou Mariana Mendes de Freitas, cofundadora da organização e presidente da direção desde 2018.

Assista ao vídeo da sessão “Na Ordem do Dia” do 32º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, que decorreu na Exponor de 9 a 11 de novembro de 2023. Intervenções de Sandra Araújo, Óscar Gaspar, Fernando Arrobas da Silva e Mariana Mendes de Freitas.