Na sessão “Mestrado em medicina dentária, e agora? Caminhos profissionais alternativos na medicina dentária”, moderada por António Pereira da Costa, médico dentista e membro do Conselho de Jovens Médicos Dentistas, o painel abordou a realidade da medicina dentária e debateu os desafios inerentes ao excesso de profissionais existentes no setor.

Catarina Duarte, coordenadora do projeto “Comer bem, sorrir melhor”, apresentou três estudos (Números da Ordem, Estudo aos Jovens Médicos Dentistas e Diagnóstico à Profissão, todos de 2022) que consubstanciam os problemas de empregabilidade na área da medicina dentária e demonstram o desagrado de muitos profissionais, independentemente da sua experiência.

Existem várias razões para este descontentamento (saturação do mercado, remuneração precária ou desvalorização da medicina dentária no setor público) e o facto de se tratar de uma profissão de “banda estreita”, como já afirmou o bastonário da OMD, Miguel Pavão, acentua o problema.

Por isso, e com base na própria experiência profissional dos oradores, o painel discutiu vários caminhos alternativos. Fernando Arrobas, coordenador do grupo de trabalho da OMD Turismo em Medicina Dentária, professor de estatística e consultor, sublinhou que os médicos dentistas não têm obrigação de exercer a sua atividade profissional apenas na vertente clínica.

“As competências desenvolvidas em medicina dentária são mais transferíveis do que se possa imaginar. Estes profissionais estão muito mais preparados para lidar com o stress, comunicar com as pessoas e saber ouvir, gerir o tempo, planear e organizar projetos, liderar e trabalhar em equipa. O mercado da saúde são 8 triliões de dólares e atender pacientes é apenas uma parte do bolo”, afirmou Fernando Arrobas, que deixou a profissão de médico dentista durante a pandemia.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, Inês Guerra Pereira, médica dentista e pós-graduada na área do marketing, explicou a importância de “criar uma marca pessoal” e defendeu que “o ensino do marketing digital deveria ser transversal a vários cursos, especialmente na saúde”. Susana Morgado, que lidera um projeto de saúde oral na área do termalismo, revelou que no seu caso conseguiu associar as duas paixões ao cuidado dos pacientes.

Durante a sessão, que envolveu uma troca de perguntas e respostas com a plateia, também foi abordada uma possível reformulação do programa curricular do mestrado em medicina dentária, uma ideia defendida pela estudante e presidente da ANEMD – Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária, Inês Isabel Pereira.

Assista ao vídeo da sessão “Na Ordem do Dia” do 32º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, que decorreu na Exponor de 9 a 11 de novembro de 2023. Intervenções de Catarina Duarte, Fernando Arrobas, Inês Guerra Pereira, Susana Morgado e Inês Isabel Pereira.