A Ordem dos Médicos Dentistas enviou uma carta aos diretores escolares (pdf) a apelar à escovagem dos dentes. No Dia Mundial da Saúde Oral, que todos os anos se comemora a 20 de março, a OMD alertou para a importância da prevenção em ambiente escolar, lembrando que as doenças orais constituem, pela sua elevada prevalência, um dos principais problemas de saúde da população mais jovem.

Na missiva, enviada também à Associação Nacional de Dirigentes Escolares e à Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, e que seguiu, da mesma forma, para o Ministério da Educação, a Ordem dos Médicos Dentistas sublinhou que as escolas “são locais privilegiados para a transmissão da informação e capacitação das crianças”. Por isso, considerou que as atividades de promoção de saúde oral devem ser integradas nos projetos e programas regulares das escolas. A OMD pede, assim, a (re)implementação e/ou reforço da escovagem dentária em todas as escolas do país e a execução do bochecho de flúor que os serviços de saúde fornecem gratuitamente.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, “além de pedagógica, a escovagem dos dentes nas escolas promove hábitos e rotinas de higiene oral. Além do mais, é fundamental na prevenção de doenças orais, não esquecendo que os mais novos são capazes de influenciar positivamente os padrões das próprias famílias, potenciando os ganhos desta medida que, a par das consultas de rotina, é dos comportamentos mais determinantes que se podem adotar em termos de prevenção”, constatou Miguel Pavão.

A OMD lembrou que a promoção da saúde oral nas escolas foi reconhecida, ainda na década de 80, mas insiste que é necessário reforçar a aposta. Ainda para mais numa altura em que os dados do último Barómetro da Saúde Oral da Ordem indicam que, relativamente aos hábitos de visita ao médico dentista, apenas 67,4% dos portugueses o fazem, pelo menos, uma vez por ano e que entre os menores de 6 anos 65,2% nunca visitaram o médico dentista, ao que se soma o facto de apenas 51,8% dos menores de idade utilizarem o cheque-dentista quando recorrem a uma consulta. O hábito de escovar os dentes diminuiu pelo terceiro ano consecutivo, enquanto a utilização de fio dentário e elixir não atinge os níveis ideais, apesar de ter havido um aumento.

O bastonário entende que ainda há muito por fazer para melhorar os índices de saúde oral dos portugueses, mas, ainda assim, olha com agrado para o regresso do “Programa Saúde Oral no SNS – 2.0”, com a criação de um grupo de trabalho que, até maio, apresentará uma proposta de estratégia para 2023-2025. Miguel Pavão entende que a “integração dos médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde, através da criação da prometida carreira, a reestruturação do cheque-dentista e o planeamento dos recursos humanos, equipamentos e materiais” são a base do acesso universal à medicina dentária.

Ação de sensibilização nos Açores

De forma a assinalar o Dia Mundial da Saúde Oral, e consubstanciando o teor da carta enviada às escolas, a Ordem dos Médicos Dentistas deslocou-se à ilha do Faial, nos Açores, para abordar temáticas relacionadas com o impacto da saúde oral nos estilos de vida saudável e na prática desportiva, e a saúde oral no âmbito da saúde escolar.

Esta presença no Faial desenvolveu-se em três partes: começou com uma visita à Unidade de Saúde da Ilha do Faial (USIF) e ao Hospital da Horta; seguiu-se uma ação educativa na Escola Básica Integrada da Horta (EBI Horta), onde foram entregues kits de higiene oral às crianças, e por fim houve uma reunião aberta com representantes de todos os intervenientes na promoção da saúde oral no âmbito da Saúde Escolar: a tutela representada pela Secretaria Regional da Saúde e Desporto e pela Direção Regional da Educação, o presidente do Conselho de Administração da USIF, a coordenadora da Saúde Escolar da USIF, o presidente do Conselho Executivo da EBI Horta, a coordenadora da Saúde Escolar da EBI Horta, médicos dentistas dos cuidados de saúde primários e um médico estomatologista dos cuidados hospitalares.

De referir que Pedro Pauleta, antigo internacional português de futebol, natural dos Açores, deixou um testemunho às crianças da EBI Horta.

À margem destas iniciativas, Miguel Pavão falou sobre a realidade da medicina dentária no arquipélago e considerou que o processo de integração dos médicos dentistas no Serviço Regional de Saúde está parado. “A verdade é que estagnou. E agora há necessidade de retomar um reforço desses cuidados, quer pelos cuidados de saúde primários, quer também por aquilo que é uma carreira dos médicos dentistas nos Açores. Os cerca de 30 profissionais que trabalham nos centros de saúde não estão devidamente integrados. Essa é uma ambição e traz um caráter de justiça aos médicos dentistas dos Açores”, sublinhou, em declarações à RTP Açores e à Antena 1.

Além de Miguel Pavão, estiveram presentes Joana Morais Ribeiro, representante da Região Autónoma dos Açores no Conselho Diretivo da OMD, Mónica Seidi, Secretária Regional da Saúde e do Desporto, e Rui Espínola, Diretor Regional da Educação.

No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Saúde Oral, a Ordem aderiu, igualmente, à semana da saúde oral. Partindo do mote da Federação Dentária Internacional, “Tem orgulho da tua boca”, a Ordem dos Médicos Dentistas partilhou, nas suas redes sociais, um conjunto de conselhos e temáticas que são fundamentais para uma ação preventiva das doenças orais, sensibilizando em simultâneo para o impacto destas na saúde sistémica, na socialização e no absentismo laboral e escolar.