As mudanças no ensino da medicina dentária ao longo dos últimos anos, a alteração do plano curricular, os numerus clausus, os desafios e os projetos de ação que reúnem consenso entre as instituições do ensino superior foram alguns dos temas debatidos na sessão Na Ordem do Dia sobre “Ensino e formação em medicina dentária”, que decorreu no congresso da OMD.

A mesa redonda juntou Paulo Ribeiro de Melo, da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP), Francisco Fernandes do Vale, da Área de Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), Ana Cristina Mano Azul, do Instituto Universitário Egas Moniz (IUEM), Salvato Trigo, da Universidade Fernando Pessoa, Nélio Veiga, do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, e Helena Teixeira Avelino, da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES).

No debate, moderado pelo médico dentista Luís Luís de Sousa, os intervenientes acordaram que é relevante a existência de um ano de formação adicional e debruçaram-se sobre a importância das horas de contacto para o desenvolvimento das competências. O processo de Bolonha, a adaptação dos planos curriculares de seis para cinco anos e os atuais desafios do ensino face à evolução da profissão foram os temas em destaque.

Helena Teixeira Avelino desmistificou o papel da A3ES e lembrou que o “grande benefício de Bolonha é o aparecimento da unidade de crédito europeu, que dá a transversalidade das competências”.

Paulo Ribeiro de Melo reconheceu que “há uma clara diferença na bagagem em termos de experiência prática destes formandos em cinco anos” e afirmou que a Universidade do Porto tem vindo a propor uma alteração do plano curricular para que se pudesse abarcar mais um ano de formação, “para dar uma maior formação médica” e “uma componente prática clínica mais abrangente”.

Ana Mano Azul falou do processo de acreditação e referiu que “o que interessa para o médico dentista é que no final da sua formação tenha realmente as competências adequadas aos objetivos de aprendizagem e as competências adquiridas”.

Salvato Trigo considerou que Bolonha para a “Europa significou um salto de décadas de atraso que tínhamos no sistema de formação do ensino superior em relação aos EUA ou ao sistema britânico, por exemplo”. Concordou ainda que “não há competências sem conhecimento”.

Francisco Fernandes do Vale acrescentou que “a designação de médico dentista tem uma obrigatoriedade para conferir uma capacidade científica médica do ser humano na sua globalidade muito maior do que aquela que temos visto”. E defendeu que a universidade não pode ser apenas “uma inspeção técnica” e que “na parte da medicina” houve uma “castração nesse aspeto”.

Nélio Veiga partilhou a mesma opinião de que será vantajoso o regresso do 6º ano de formação, mas alertou para a importância de criar uma rede que acompanhe os alunos após a conclusão do curso. Considerou que os formandos “em termos generalistas saem preparados” dos mestrados integrados e que o desafio, “transversal à larga maioria dos cursos”, passa por ultrapassar as limitações que possam existir. Para tal, defendeu o investimento no ensino pós-graduado.

Reveja na íntegra o vídeo da sessão.