Os representantes da medicina dentária de Portugal e Espanha debateram em novembro os pontos comuns que têm e os caminhos a seguir para reforçar o posicionamento dos desafios ibéricos na União Europeia.

Na sessão, que decorreu no congresso da OMD, Miguel Pavão, bastonário da OMD, Francisco Garcia Lorente, vice-presidente do Consejo General de Dentistas, António Ginjeira, presidente do Conselho Fiscal da OMD, José Maria Suárez Quintanilla, presidente do Colegio de Odontólogos y Estomatólogos de A Coruña, Adriana Sanz Marchena, presidente do Colegio de Dentistas de Pontevedra y Ourense, María Núñez Otero, presidente do Colegio de Odontólogos y Estomatólogos de Lugo, falaram da importância de fortalecer laços e de se estabelecer uma agenda comum para atuação no contexto europeu. Uma proposta que foi avançada por Miguel Pavão, que considerou fundamental “posicionar questões, ambições, dificuldades e desafios de uma forma conjunta”.

O bastonário da OMD deu o mote para uma conversa alargada, onde se detetaram realidades muito semelhantes entre Portugal e Espanha, o que levou o responsável a sugerir a criação de uma agenda coletiva com passos concretos para chegar à Comissão Europeia, tendo como ponto de partida as linhas de ação assinaladas nesta conferência. E adiantou que esta agenda está já a ser delineada com o Consejo General de Dentistas (entidade que agrega todos os colégios de Espanha), esperando contar com a participação dos representantes do Norte de Espanha.

Francisco Garcia Lorente corroborou a perspetiva de Miguel Pavão e acrescentou que “a união é a força” para dar visibilidade a “problemas similares”. O vice-presidente do Consejo General de Dentistas revelou que os espanhóis se deparam com três grandes preocupações: a publicidade enganosa, a pletora profissional e a urgência de se implementarem as especialidades. Acrescentou ainda que o Consejo tem lutado pela criação de mecanismos que regulem a publicidade agressiva e enganosa, que coloca em causa a qualidade dos tratamentos, a ética profissional e não protege os utentes.


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Tal como em Portugal, Espanha debate-se com o excesso de médicos dentistas (embora, conforme notou Miguel Pavão, o rácio português de médico dentista por habitante seja pior) e com a necessidade de se imporem numerus clausus e critérios de qualidade e transparentes para as faculdades. Francisco Garcia Lorente salientou também que Espanha é o único país da União Europeia que carece de especialidades, o que cria desigualdades dos espanhóis face aos restantes colegas no mercado de trabalho europeu.

O presidente do Conselho Geral da OMD, e moderador da sessão, Fernando Guerra, acrescentou que se debatem igualmente com a pletora de profissionais. Aliás, a este respeito, a Ordem emitiu esta semana um posicionamento sobre uma possível abertura de mais um curso de medicina dentária.

António Ginjeira deu destaque à questão da publicidade, lembrando o período em que integrou o Conselho Deontológico e de Disciplina, em que esta questão se “revelou uma constante” que se foi “avolumando” à medida que o número de profissionais foi crescendo.

José Maria Suárez Quintanilla abordou o caminho que a formação em medicina dentária tem feito, lançando tópicos importantes sobre o impacto da pandemia no ensino, a entrada de institutos e empresas neste setor (formação adaptada às necessidades do mercado e das instituições) e a mudança dos métodos de ensino. “O modelo de formação passou a modelo de informação”, concluiu.

Adriana Sanz Marchena fez o ponto de situação dos desafios identificados, destacando que as preocupações são partilhadas pelo Colegio de Dentistas de Pontevedra y Ourense. Adiantou, por seu lado, que o colégio está a trabalhar em prol da melhoria da qualidade assistencial e do conhecimento científico, bem como do aumento da oferta de serviços e cuidados no sistema de saúde público, uma medida que teria “impacto positivo na saúde global da população”.

María Núñez Otero apelou aos presentes a implementação de mecanismos que facilitem e promovam a livre circulação de estudantes e professores entre as regiões do Norte de Espanha e Portugal. Sugeriu um maior intercâmbio de informação entre o Consejo General de Dentistas e a OMD, em particular em áreas como a formação, campanhas de prevenção e elaboração de ações conjuntas.

Temas e preocupações que foram abordadas no debate que se seguiu entre os representantes das associações de medicina dentária e a audiência.

Como sinal do fortalecimento de relações entre Portugal e Espanha, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, vai receber do Consejo General de Dentistas o título de membro honorífico, num cerimónia que decorre esta sexta-feira, 17 de dezembro, em Madrid.

Assista à gravação vídeo integral da sessão do Fórum Ibérico do 30º Congresso da OMD: