“A relevância dos seguros em medicina dentária” foi o ponto de partida para um debate sobre o impacto dos seguros e planos de saúde no exercício da profissão. No 30º Congresso da OMD, foi apresentado um estudo intitulado “Apuramento do Custo de Tratamentos em Medicina Dentária”, realizado pela Universidade do Algarve para a Ordem, que serviu de mote para uma discussão que reuniu a diretora do Departamento de Utente da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Ana Sofia Silva, o diretor clínico da Multicare, José Santos, o professor da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, Rúben Peixinho, o presidente do Conselho dos Jovens Médicos Dentistas da OMD (CJMD), Telmo Ferreira, e a médica dentista Graça Fernandes.

Na sessão, moderada por Rui Paiva, coordenador do grupo de trabalho Convenções e Planos de Saúde, Rúben Peixinho revelou as principais conclusões do estudo realizado para a OMD sobre o apuramento dos custos da prestação dos cuidados dentários. Nesta pesquisa, foram considerados 50 tratamentos e uma clínica padrão – um equipamento dentário, um médico dentista e um assistente operacional, utilizando materiais a custo médio de mercado, uma estrutura de qualidade média, uma capacidade prática de atendimento de 1.380 horas/ano, entre outras variáveis. O professor referiu que este estudo se destina a auxiliar a classe no planeamento das suas atividades, mas também permite tirar várias conclusões sobre o setor. Entre elas, que o peso dos custos inerentes representa, em média, cerca de 70% da estrutura total dos custos e que o custo indireto/ hora estimado na realização dos tratamentos totaliza os 89,18€.

Também o CJMD divulgou os inquéritos que tem realizado junto dos profissionais mais novos, com o intuito de lançar a debate a seguinte pergunta: quem ganha e quem perde?

Telmo Ferreira explicou que 32% dos jovens trabalham em clínicas de rede e 68% com seguros/ convenções. Para apurar o preço médio e o mais baixo e compará-lo com o estudo da Universidade do Algarve, analisaram cinco seguros/ convenções e concluíram que a comissão média auferida pelos jovens médicos dentistas é de 35%, pelo que para igualarem o mínimo nacional têm que trabalhar 48 horas.

Graça Fernandes juntou-se à conversa para partilhar a sua visão enquanto médica dentista e as razões que a levaram a deixar de trabalhar com estes sistemas.

O diretor clínico da Multicare fez uma apresentação onde realçou que o mercado da medicina dentária é basicamente privado, sendo composto maioritariamente por pequenas clínicas, em que os seguros representam cerca de 5%. “Os seguros estão cá para tentar ajudar, mas representam muito pouco e provavelmente a evolução não será no sentido de virem a representar muito mais em termos de capital e de financiamento, mas mais no sentido de disponibilização do acesso a uma rede de qualidade, com preços compatíveis e sem atos gratuitos”, concluiu José Santos.

A diretora do Departamento de Utente da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Ana Sofia Silva, apresentou a visão do regulador, cujo foco é “que o utente tenha todas as condições para aceder a serviços com liberdade de escolha”. E lembrou que a sua atuação é sempre na perspetiva dos direitos e proteção dos utentes, com particular enfoque na informação que lhe deve ser prestada e na publicidade em saúde.

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