Assinala-se esta quinta-feira, 18 de novembro, o Dia Europeu do Antibiótico. A iniciativa é do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (European Centre for Disease Prevention and Control, ECDC) e coincide com a Semana Mundial do Antibiótico, organizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que se comemora de 18 a 24 de novembro.

As duas ações têm o propósito de sensibilizar os profissionais de saúde e a população em geral para a correta utilização dos antibióticos, alertando para importância de um consumo consciente e seguro. A resistência a estes fármacos integra a agenda política dos principais países e da própria OMS, que estima que, se nada for feito, em 2050, vão morrer 10 milhões de pessoas em todo o mundo com infeções causadas por bactérias resistentes.

Em entrevista à TSF, o investigador principal do laboratório de Biologia da Infeção Microbiana Intracelular do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa, Pedro Matos Pereira, alerta que, se não se encontrarem novas formas de tratamento das infeções, as mortes causadas por bactérias resistentes aos antibióticos vão ultrapassar os óbitos por cancro e doenças cardiovasculares. O investigador nota que “se nós não controlarmos, por um lado, a forma como os antibióticos são utilizados, e, por outro lado, encontrarmos novos antibióticos, novas moléculas que possam ser utilizadas nesse contexto, sim, temos um problema grave”.

Em Portugal, de acordo com dados do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, a dispensa de antibióticos nas farmácias comunitárias baixou 20% entre janeiro e setembro deste ano, registando-se menos 1,2 milhões de embalagens dispensadas relativamente ao período homólogo. Ainda segundo o ECDC, em 2019, o país voltou a ficar abaixo da média europeia, a nível hospitalar e de consumo em meio ambulatório.

O Infarmed refere que estas datas são importantes para “continuar a incentivar o uso adequado dos antibióticos, tendo em conta que o arsenal terapêutico pouco tem sido reforçado nos últimos anos e que os atuais medicamentos estão em risco de perder a sua eficácia face ao crescimento das resistências bacterianas”.

Neste âmbito, a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Fundação Calouste Gulbenkian assinaram hoje um memorando de entendimento para dois projetos: Desafio STOP Infeção Hospitalar 2.0 e Desafio Boas Escolhas, Melhor Saúde. Este último tem como finalidade “acelerar a diminuição da sobreutilização de antibióticos em cuidados de saúde primários e hospitalares do SNS, na ordem dos 20%”.

Conheça o folheto da European Regional Organization (ERO) sobre antibióticos (pdf). A ERO é a entidade representante de todos os países europeus (incluindo os que não integram a União Europeia) na FDI World Dental Federation.