O médico de saúde pública Guilherme Gonçalves Duarte foi o convidado do mais recente webinar da OMD, que decorreu ontem à noite. Na sessão “A epidemiologia de campo no contexto COVID-19”, o médico aproveitou para explicar como funciona o processo de vigilância epidemiológica de um vírus e quais os procedimentos a adotar quando existe um surto.

No caso da COVID-19, Guilherme Gonçalves Duarte salientou que a cadeia de informação segue a linha local – regional – nacional, sento que a ação é sempre local. No atual contexto, referiu que o “ponto-chave da investigação” é o controlo da transmissão, que tem como “objetivo interromper a infeção pessoa a pessoa” e as “cadeias de transmissão”.

Para tal, os inquéritos epidemiológicos são muito importantes, pois possibilitam a “avaliação de risco de todos os contactos” e a implementação de “medidas de saúde pública”. Recorde-se que os médicos dentistas têm sido profissionais fundamentais neste âmbito, ao encontrarem-se a colaborar na realização destes inquéritos.

 

A audiência aproveitou para esclarecer várias dúvidas relacionadas com a imunidade e com o papel do médico dentista na pandemia. O médico de saúde pública esclareceu que o conceito de imunidade de grupo aplica-se “quando há um número elevado de pessoas que estão protegidas, pela vacinação ou doença naturalmente, e a cadeia de transmissão não se consegue propagar”.

No entanto, no caso da COVID-19, alertou que para atingir este objetivo estima-se que a percentagem de população imune ronde os 70%, pelo que é uma meta que não será alcançada em breve. “Só para 2022 ou depois é que poderá ser exequível”, constatou. Por isso, reiterou, é fundamental manter os cuidados preventivos e acrescentou que o médico dentista na prática diária pode contribuir para a “educação do doente”, com “conselhos e dicas”. Guilherme Gonçalves Duarte elucidou também os participantes sobre os vários tipos de teste que existem e qual o seu grau de eficácia.

Ainda no contexto da imunidade, afirmou que “começam a aparecer casos em que há reinfeções” e que, apesar de existir um período de imunidade, “as novas variantes ainda têm comportamento desconhecido e não sabemos se as podemos transmitir”. A vacinação é uma “luz ao fundo do túnel”, mas “ainda falta para termos alívio da pandemia” por esta via.