“A medicina dentária e a saúde oral são desde sempre um dos elos frágeis da saúde e da medicina”, frisou o bastonário da OMD, Miguel Pavão, durante a sua intervenção num encontro organizado pela Convenção Nacional de Saúde (CNS). Na conferência digital “71 minutos pela Saúde”, que decorreu a 18 de novembro e reuniu personalidades e representantes das diferentes áreas da saúde, foram debatidas perspetivas e caminhos para a maior crise de saúde pública que o país enfrenta.

Miguel Pavão referiu que ainda está por apurar o impacto direto da pandemia na medicina dentária, mas adiantou que no caso do cheque-dentista, “no que é quantificável”, há uma “quebra de 40% na sua utilização”. “Mas é expectável que seja muito maior”, garantiu. No entanto, salientou, a classe tem vindo a adaptar-se ao atual cenário e é notória a “preparação para esta segunda vaga”. E não esqueceu a “vontade” e o papel de “colaboração direta” dos médicos dentistas “nas medidas de mitigação” da COVID-19.

Em termos de políticas de saúde, o bastonário da OMD alertou para o facto de existir o risco de se perderem os ganhos alcançados nos últimos anos em matéria de saúde oral, caso não sejam tomadas medidas. O responsável lembrou que o setor “sempre foi o parente pobre com falta de investimento por parte de políticas públicas de saúde” e mostrou-se preocupado com o facto de que “o pouco investimento que tinha sido conseguido até agora seja colocado em causa”.

Defensor de que a “informação é a única vacina que temos”, considerou que “falta uma estratégia conjunta” de resposta à pandemia. Miguel Pavão falou da necessidade de criar uma “task-force, credível, com vários agentes, incluindo do privado, ordens profissionais, investigadores”, entre outros. Uma task-force que, sugeriu, é essencial para delinear um plano de recuperação a médio-longo prazo.

Participaram na conferência digital “71 minutos pela Saúde”, o presidente da Comissão Organizadora da Convenção Nacional da Saúde, Eurico Castro Alves, o médico internista no Centro Hospitalar de São João, Porto, e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, António Ferreira, e o reitor da Universidade do Porto e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António de Sousa Pereira. A sessão incluiu entrevistas relâmpago a vários representantes da saúde, nomeadamente os bastonários da ordens dos Médicos Dentistas, dos Médicos, dos Farmacêuticos e dos Psicólogos.

Assista à intervenção do bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão: