Orlando Monteiro da Silva, bastonário da OMD, revelou ontem ao Porto Canal que, na reunião que ocorreu durante a tarde com o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, a Ordem levou a proposta, que já tinha sido remetida por escrito, de “retoma da atividade” dos médicos dentistas. “É tempo de o Governo repensar esta suspensão” e preparar “uma reabertura programada” e “faseada” das clínicas e consultórios de medicina dentária.

Questionado quanto ao facto de o setor estar preparado para este passo, o responsável explicou que “há um conjunto de adaptações que todos estão em condições de o fazer” e que a OMD está a desenvolver um conjunto de recomendações que, em parte, serão uma adaptação dos procedimentos atualmente realizados nos atendimentos urgentes e inadiáveis.

 

O bastonário frisou que a medicina dentária “continuará a ser uma atividade segura e imprescindível” para a sociedade e mostrou-se otimista quanto às melhorias que já se verificam no acesso aos equipamentos de proteção individual (EPI’s), que são “fundamentais”. E explicou que a profissão está igualmente “na primeira linha” de contágio devido à proximidade do doente e duração dos procedimentos.

Apoios “insuficientes ou quase nulos”

Embora afirme que os profissionais estão prontos para reabrir os consultórios e clínicas, o bastonário da OMD continua preocupado quanto ao “stress” económico que a medicina dentária está a enfrentar. A Ordem tem (e continua) pugnado por medidas direcionadas para estes profissionais, na sua maioria liberais e sócios-gerentes, já que os atuais apoios são “muito insuficientes ou quase nulos”.

Uma situação que está a deixar o setor “muito desprotegido”. Tal como acentuou esta semana, em entrevista à Rádio Renascença, está em risco o futuro de “cinco ou seis mil clínicas e consultórios por todo o país, estruturas viáveis, que prestam um serviço público de proximidade e que obviamente vão ter grandes problemas de sobrevivência”.

Danos na saúde oral dos portugueses

Outra preocupação abordada na entrevista conduzida pelo jornalista Júlio Magalhães foi o impacto do encerramento das clínicas e consultórios, devido à COVID-19, na saúde oral da população. “Um mês e meio causa grandes estragos”, alertou Orlando Monteiro da Silva, fazendo notar que haverá um aumento exponencial das necessidades de tratamento, mas também um acréscimo das dificuldades em aceder a estes cuidados, devido à perda de rendimentos que as famílias estão a enfrentar.

Por isso, o responsável adiantou que a Ordem quer que “o Governo crie mecanismos” que facilitem o acesso à medicina dentária por parte de toda a população. Para tal, defendeu, é “altura de aproveitar a rede de privados” para “impedir que quem tem dificuldades económicos não fique para trás” nos cuidados de saúde oral.