Na antecâmara de uma nova década, impõe-se a cada um de nós e à nossa profissão renovarmos a ambição para enfrentar novos tempos.

Capaz de honrar e superar as conquistas obtidas em dois períodos fundamentais da história da medicina dentária portuguesa:

– o primeiro, dos anos 70 até ao final do século passado, com o aparecimento de sete faculdades de medicina dentária e a organização da profissão, através da Ordem dos Médicos Dentistas,

– um segundo momento, de 2001 até aos dias de hoje, de afirmação da profissão, dos médicos dentistas e da sua Ordem, a nível nacional e internacional.

Assente sobre um triângulo – cujo vértice cimeiro é o Médico Dentista e onde na base estão as faculdades e a nossa Ordem – devidamente consolidado e implementado, é altura de projetar o futuro com uma Ambição renovada para a Profissão.

Que não deixe ninguém para trás.

Que aposte no papel fundamental dos médicos dentistas, enquanto “médicos de saúde oral”.

Que aposte no potencial de alargar os seus horizontes, através da sua formação contínua, v. g. através do pré-grado, reforçando as suas competências ao longo da vida profissional.

O tabuleiro de xadrez ilustra na perfeição, de forma metafórica, o desafio que temos pela frente: o de aprofundar as competências que detemos e adquirir novas para a nossa estratégia, paciente, determinada, de dispor as nossas capacidades de forma adequada no tabuleiro da prestação de cuidados de saúde.

Assim, as competências de que já dispomos e aquelas que a Ordem se propõe regulamentar irão contribuir para alargarmos os horizontes do médico dentista e da profissão, afirmando-nos de forma mais vincada como líderes no que à saúde oral diz respeito, levando em conta o conhecimento atual do impacto e relação da saúde oral com a saúde em geral.

As novas possibilidades que se oferecem à profissão, respeitando as fronteiras da mesma, plasmadas nas Diretivas Europeias, no Ordenamento Jurídico Nacional e no nosso Estatuto, são imensas e uma fonte de esperança para a profissão.

A medicina dentária baseada na evidência e novas possibilidades terapêuticas de que dispomos implica da nossa parte uma abrangência de atuação que não se pode confinar apenas à tradicional aproximação clínica, mas deverá ter a ambição e a capacidade de rasgar novos horizontes ao nosso exercício profissional.

De facto, a inteligência artificial, a robótica e a revolução 5G representam desafios que urge transformar em oportunidades,
Oportunidade de prestar melhores serviços aos Utentes,
Oportunidade de melhorar a qualidade e o valor acrescentado da Profissão,
Oportunidade de otimizar Recursos e aceder a uma qualidade de vida superior,
Os médicos dentistas sentem, com razão, que algo está a acontecer.

Acrescento, algo em que todos podem e devem participar.

E qual o papel da Ordem?

Ter capacidade de ler a realidade, perspetivar o futuro e liderar. Ir à frente sem se afastar da profissão e da realidade dos seus profissionais, para que estes não a percam de vista, caminhado à frente, não deixando ninguém para trás e, sobretudo, nunca se deixando ficar para trás.

O Bastonário,
Orlando Monteiro da Silva

Editorial publicado originalmente na Revista OMD nº44 (janeiro 2020).