Em julho, a Ordem dos Médicos Dentistas e as sete instituições de ensino superior (IES) que ministram o mestrado integrado de medicina dentária reuniram em Coimbra, sob o mote “Medicina dentária: Do ensino à profissão. Realidade e perspetivas”.

A reestruturação curricular do mestrado integrado, a empregabilidade e a formação pós-graduada foram alguns dos temas em destaque neste encontro, que terminou com a elaboração de um documento estratégico de ação.

No que toca à inserção no mercado de trabalho foi delineado que “as Faculdades, no âmbito das suas atribuições e competências, considerarão os parâmetros da oferta e da procura de formação no que respeita à empregabilidade, particularmente, as especificidades da dinâmica do mercado português”. Já a OMD reiterou o compromisso que tem vindo a assumir e implementar desde 2006: informar a sociedade, os jovens médicos dentistas e a classe de uma forma geral, através das suas publicações da realidade do exercício profissional, não apenas em Portugal, mas também no contexto europeu. “Compromete-se a Ordem a densificar e divulgar nos Números da Ordem, as variáveis referentes à profissão, contando para tal, como tem sido norma com os dados sobre número e nacionalidade de estudantes fornecidos pelas Instituições de Ensino Superior”, lê-se no documento.

Através do Observatório de Saúde Oral, a Ordem tem alcançado uma ampla atenção pública para a realidade com que a profissão se depara, não só via Números da Ordem (que a cada edição alerta para a ultrapassagem do rácio recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de um médico dentista por 2.000 habitantes), mas também via Diagnóstico à Empregabilidade. As recentes conclusões deste estudo levaram inclusive o bastonário da OMD a reforçar os apelos para que os decisores tomem medidas quanto à nova realidade que a profissão enfrenta: “medicina dentária continua a ser uma profissão liberal, mas há cada vez mais médicos dentistas, sobretudo nas gerações mais novas, a prestar serviços como colaboradores de clínicas e consultórios e não como proprietários, como acontece com as gerações mais velhas. Além disso, as novas gerações de médicos dentistas enfrentam o subemprego, tendo dificuldade em encontrar um equilíbrio entre horas trabalhadas e a remuneração”.

Este foi um dos principais temas que a OMD levou para o seminário com as instituições de ensino superior, para que em conjunto possam trabalhar no sentido de informar, não só os “médicos dentistas e os estudantes, mas igualmente os futuros candidatos ao curso, sobre a realidade, factual e atual da profissão, para serem conhecedores daquilo que os rodeia e assim poderem tomar decisões”.

No ano em que se assinalam duas décadas da Declaração de Bolonha, “as sete faculdades de Medicina Dentária e a Ordem entendem desejável a constituição de um Grupo de Trabalho que possa identificar as bases de um possível alargamento ao nível dos períodos curriculares, bem como de uma reestruturação curricular”. Na declaração conjunta “consideram igualmente relevante a aposta numa estratégia comum destinada a salientar a importância do tema junto dos decisores políticos, dos ministérios, reitorias e outros agentes nacionais e internacionais”.

O documento, que pode ser consultado na íntegra em www.omd.pt/content/uploads/2019/07/20190706-seminario-ensino-profissao-conclusoes.pdf, acrescenta que estas conclusões “representam um instrumento estratégico fundamental para a defesa” da medicina dentária e do interesse público da sociedade, apresentando-se como “o somatório da confiança e credibilidade de cada um dos intervenientes”.