Num mundo em que somos diariamente inundados de informação, os médicos dentistas precisam de informação e de quem ajude a descodificá-la para serem conhecedores da realidade que os rodeia e assim poderem tomar decisões, decisões de qualidade, sobre os temas que afetam a sua atividade e o seu futuro.

A dinâmica com que hoje se produz essa informação é, cada vez, mais técnica e especializada, transversal e atomizada por diferentes fontes, sejam elas formais ou informais. Tal panorama levanta novos desafios a que instituições como as ordens profissionais deverão estar conectadas. Desenvolvendo, quer capacidade de “escuta”, quer constituindo-se como player qualificado e intervindo, constituindo-se também como fonte de informação.
Por isso, o caminho fundamental é o de continuar a fazer ouvir a voz da profissão em Portugal e ao nível europeu, onde grande parte das decisões que influenciam o nosso dia a dia são discutidas, preparadas e tomadas.
Participando, intervindo, influenciando.

A OMD continuará a fornecer a todos os colegas a informação fundamentada, credível e adequada para que estes possam participar e tomar decisões de qualidade que afetam o seu futuro. Decisões em que somos atores enquanto membros de uma classe e decisões que cabem apenas a cada um de nós.

Por exemplo, o estudo Diagnóstico à Empregabilidade, encomendado pela Ordem e realizado pela consultora independente QSP, que será em breve apresentado publicamente, mostra que a medicina dentária continua a ser uma profissão liberal, mas há cada vez mais médicos dentistas, sobretudo nas gerações mais novas, a prestar serviços como colaboradores de clínicas e consultórios e não como proprietários, como acontece com as gerações mais velhas.

Metade dos médicos dentistas trabalham por conta de outrem, 45% exerce em consultório próprio e apenas 5% exerce em hospitais públicos ou centros de saúde.

Há, contudo, diferenças geracionais assinaláveis: os dados do estudo revelam que dos médicos dentistas que se formaram há menos de 10 anos, 75% trabalha por conta de outrem, sendo que 70% dos que se formaram há mais de 10 anos exercem atividade em clínica ou consultório próprio.

A remuneração dos médicos dentistas é, essencialmente, variável consoante o número e o custo dos procedimentos. Só 26% tem uma remuneração fixa. Há ainda 11% que recebe um salário fixo acrescido de uma percentagem variável.

De salientar que 88% dos médicos dentistas que trabalham por conta de outrem têm uma remuneração variável e a maioria (69%) aufere entre 30% a 49% do valor dos tratamentos.

Estes são alguns dados fundamentais para analisar de forma objetiva a medicina dentária.

Esta informação afetará, ainda que de formas diferenciadas, cada um de nós. Mostra-nos que a realidade e a dinâmica da profissão está a inquestionavelmente a mudar. Para todos.

Outras ordens e organizações profissionais produziram estudos semelhantes, em que muitas das conclusões são idênticas ou pelo menos demonstram o seu confronto com uma realidade que está em profunda transformação. Invocar estatutos serôdios, achar que “antes é que era”, achar que poderíamos viver numa realidade paralela… não é possível.

A Ordem, a profissão, os médicos dentistas, têm de ser capazes de cooperar mais. De forma informada, para colaborar com opiniões fundamentadas. Competir menos com outros e mais consigo próprios, no sentido da autossuperação e de lucidamente ajudar a construir novos caminhos que possam garantir um futuro interessante.

Saudações,
O bastonário
Orlando Monteiro da Silva