O Centre National de Soins à L’Étranger (CNSE) indica que o número de segurados franceses que procuram cuidados na Europa tem aumentado. De acordo com a Ordre National des Chirurgiens Dentistes, “mais de um terço dos segurados que recorrem ao turismo dentário são da região de Île-de-France” e revela que, “pelo segundo ano consecutivo, Hungria, Espanha, Portugal e Itália são os destinos por excelência dos franceses, sendo que o valor gasto pelos segurados é superior a um milhão de euros em cada um destes países”.

Na edição de setembro da revista da Ordre National des Chirurgiens Dentistes, La Lettre, é revelado que na Hungria e Roménia o “custo de cuidados é, em média, superior a 1.000 euros para cuidados essencialmente protéticos”. Já em “Espanha e Itália, os custos estão compreendidos entre 500 e 1.000 euros”. Nos restantes países, onde se inclui Portugal, “o intervalo de custos está compreendido entre 200 e 500 euros”.

A mesma publicação refere os dados do CNSE que mostram que o turismo de medicina dentária está a seduzir os franceses e que esse crescimento está relacionado com o aumento do conjunto de cuidados reembolsados em França. A Europa é a mais procurada, sendo que, fora da Comunidade, os Estados Unidos, Marrocos, Canadá, China e Líbano reúnem a maioria da despesa com medicina dentária, embora em muito menor escala.

A reportagem da revista La Lettre refere que o “valor das despesas na União Europeia, no Espaço Económico Europeu e na Suíça (EU-EEE-Suíça) aumentou 11,5% relativamente a 2013 (e mais de 20,4% relativamente a 2011)”. “Todavia, o CNSE especifica que esta tendência “esconde evoluções muito mais importantes: a despesa em cuidados dentários em Espanha e Portugal aumentou, respetivamente, 25,1% e 30,8%. Embora a despesa italiana tenha diminuído 8,3% relativamente a 2013, também é importante acrescentar que o valor gasto em Itália em cuidados dentários aumentou 164,8% entre 2011 e 2014””, lê-se na revista.
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Também o perfil dos procedimentos médico-dentários “difere consoante o país”, ou seja, “os cuidados protéticos são prestados maioritariamente” nestes quatro países. Verifica-se que os “segurados gastaram um total de 8,8 milhões de euros na Hungria, Espanha, Portugal e Itália. Mais especificamente, 3,2 milhões de euros na Hungria, 2,7 em Espanha, 1,7 em Portugal e 1,1 em Itália”. Aliás, as nações em questão “concentram 15.924 segurados, ou seja, 65% dos casos dentários processados pelo CNSE”.

A Ordre National des Chirurgiens Dentistes dá destaque a Portugal enquanto destino de turismo de medicina dentária, ao focar que o “custo médio das prestações é de 214 euros (vs. 219 em 2013), ou seja, uma comparticipação avaliada em 33,6% pelo CNSE para “cuidados protéticos, mas também uma parte não negligenciável de cuidados conservadores””. Por outro lado, identifica que “os segurados que beneficiaram desses cuidados provêm essencialmente da região de Île-de-France, à frente da região do Rhône-Alpes (53,9% vs 8,0%). À escala departamental, Essone ocupa a primeira posição (7,9%), seguido de Val-de-Marne (7,8%) e Seine-et-Marne (7,6%)”.

Recorde-se que em fevereiro, em Portugal, foi divulgado o relatório do grupo de trabalho interministerial criado pelo Governo português, que define a estratégia do turismo médico e destaca “o potencial de captação de mercado”. O grupo, composto por elementos dos Ministérios da Economia e da Saúde, identificou como “mercados alvo a Europa (Alemanha, Áustria, França, Holanda, Irlanda, Reino Unido, Suécia), a diáspora portuguesa e os PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa”.

No relatório consta que “entre os principais tratamentos realizados em ambulatório que são procurados pelos clientes de turismo médico identificam-se a medicina dentária”.

Já a implementação do plano de ação “deverá ocorrer no horizonte temporal 2015-2017, considerando 2015 como o ano zero”.