Stina Syrjänen

HPV e doenças orais –  do diagnóstico à prevenção / HPV e cancro oral – O que sabemos hoje?

Professora e chefe do Departamento de Patologia Oral e Radiologia, Universidade de Turku, Finlândia.

Chefe do Departamento Médico de Patologia, Hospital Universitário de de Turku Hospital.

Directora da Escola Finlandesa de Ciências Orais, financiada pela Academia da Finlândia.

Doutoramento em Ciências Dentárias pela Universidade de Kuopio, 1982.

Especialista em Radiologia Oral pela Universidade de Kuopio, 1985.

Especialista em Patologia Oral pela Universidade de Kuopio, 1988.

Autora de mais de 450 artigos originais, revisões e livros sobre o Vírus do papiloma humano (VPH).

O seu grupo de investigação foi o primeiro a sugerir uma associação entre VPH e o cancro oral em 1982.

Investigação actual sobre a história natural do VPH oral e transmissão do VPH entre família.

Nacionalidade: Finlândia

Área científica: Medicina oral

2013/11/22 14:30 – 2013/11/22 19:00 | Auditório II

Resumo da apresentação

HPV e doenças orais – do diagnóstico à prevenção

Tanto os alfa como os beta vírus do papiloma humano (HPV) podem infectar a mucosa oral. A prevalência de infecção assintomática por HPV em adultos varia entre 5% e 25%. Esta variação tem vindo a ser explicada por diferenças verificadas quer nas amostras quer nos métodos de teste laboratorial para o HPV.

A importância da presença de HPV na mucosa oral clinicamente normal é desconhecida. Os nossos estudos mais recentes demonstraram que uma minoria de adultos e crianças têm infecção por HPV persistente (Rautava et al. 2012, Louvanto et al. 2013, Kero et al. 2013).

A persistência da infecção por HPV é um evento chave na indução da transformação maligna por HPV. As lesões benignas associadas à infecção por HPV incluem os papilomas, condilomas, verrugas e a hiperplasia epitelial focal. Em indiciduos HIV positivos tanto as infecções assintomáticas como as lesões verrucosas benignas são 2 a 3 vezes mais comuns quando comparadas com indivíduos imunocompetentes (Beachler, Dʼsouza et al. 2013).

Uma meta-análise recente demonstrou que é 5 vezes mais provável a identificação de HPV em leucoplasias orais, líquen plano oral e lesões com displasia epitelial do que em mucosa normal (Syrjänen et al. 2011). Os factores de risco para a infecção por HPV incluem a prática de sexo oral, o número de parceiros sexuais e o tabagismo.

O HPV também pode ser transmitido por contacto oral entre indivíduos e também verticalmente de mãe para filho na altura do parto. O reconhecimento de que o HPV está associado à etiologia de diversas doenças orais levanta duas questões; primeiro se a detecção rotineira de HPV é necessária e segundo qual o papel da vacinação na prevenção das infecções orais por HPV.

 

HPV e cancro oral – O que sabemos hoje?

Embora a evidência da associação entre a infecção por HPV e o cancro oral tenha sido apresentada pela primeira vez em 1983, o assunto apenas se tornou mais atraente com o advento da vacinação contra o HPV. Uma meta-análise sistemática recente (Syrjänen et al. 2011) confirmou a associação entre HPV, cancro oral e lesões potencialmente malignas da mucosa oral.

A prevalência de HPV foi de cerca de 33,7% no grupo de doentes com cancro oral e de 12,0% no grupo de controlo. O HPV 16 foi o subtipo mais prevalente no grupo de indivíduos com cancro oral. Os doentes com tumores HPV-positivos são mais jovens, tendencialmente não-fumadores e o prognóstico da doença é melhor quando comparado com indivíduos com cancro oral onde o HPV não foi detectado. A presença de HPV é um factor de prognóstico relevante e independente nas taxas de sucesso no tratamento do cancro da cavidade oral.

Os ensaios clínicos estão focados na redução da toxicidade associada aos tratamentos para a erradicação do HPV bem como no desenvolvimento de terapêuticas especificas para a infecção por HPV. Baseado na meta-análise de Dayyani F et al. 2010, a prevalência de cancro oro-faríngeo tem vindo a aumentar no ocidente (de 40,5% antes do ano 2000 para 72,2% no ano de 2009) mas a prevalência de HPV em cancros não orofaríngeos (21,8%) não tem aumentado ao longo do tempo o que sugere que existam diferenças ainda desconhecidas na etiopatogénese.