O número de médicos dentistas continua a aumentar acima das necessidades do país. Os “Números da Ordem”, documento elaborado anualmente pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) que reúne os principais indicadores sobre os profissionais da área, revela que, no ano passado, o número de inscritos na OMD aumentou para 10.688, mais 660 que em 2015.

A média de idades dos médicos dentistas a exercer em Portugal é de 38 anos, havendo 4.206 médicos dentistas com menos de 35 anos, havendo apenas 253 médicos dentistas com mais de 60 anos.

Os “Números da Ordem” mostram ainda que a emigração tem crescido de forma exponencial na medicina dentária. O número de médicos dentistas com inscrição suspensa na OMD aumentou quase 19% no ano passado face a 2015. A emigração é o principal motivo para os médicos dentistas pedirem a suspensão da atividade em Portugal. Desde 2007, ano em que eclodiu a crise do subprime nos EUA e que nos anos seguintes contagiou drasticamente a economia mundial, incluindo Portugal, o número de médicos dentistas com inscrição suspensa e anulada, portanto inativos, na OMD quase que duplicou, passando de 689 em 2007 para 1.300 no ano passado. Ou seja, atualmente 12% dos membros da OMD têm a sua inscrição suspensa, um número sem precedentes.

Ainda assim, sublinha o bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, “se é verdade que a emigração atingiu valores nunca vistos, ela não tem sido suficiente para diminuir o número de médicos dentistas a exercer em Portugal. Das universidades continuam a sair anualmente centenas de profissionais sem qualquer perspetiva de trabalho estável e sem ter em conta as necessidades do país. Um problema que carece de solução e que os ministérios da Educação e da Saúde não resolvem, apesar de devidamente alertados”.

O Reino Unido e a França são os principais países de destino dos médicos dentistas que emigram, sendo ainda uma incógnita o que irá acontecer após a saída do Reino Unido da União Europeia. De sublinhar que o número de médicos dentistas inativos na OMD há mais de cinco anos, visto como um indicador de que dificilmente voltarão a exercer em Portugal, tem subido consecutivamente nos últimos anos.

O rácio de habitantes por médicos dentistas em Portugal já ultrapassa muito a média definida pela Organização Mundial de Saúde. Lezíria do Tejo e Alentejo Central são as regiões do país com menor saturação de médicos dentistas, enquanto as áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa e as regiões de Coimbra, Viseu Dão-Lafões e Terras de Trás-os-Montes concentram o maior número de médicos dentistas.

A taxa de feminização da profissão continua a subir e a percentagem de mulheres supera já os 59%, uma tendência que vai acentuar-se nos próximos anos, já que nas faculdades que lecionam o mestrado integrado de medicina dentária a percentagem de alunos do sexo masculino é de apenas 32%.

Atualmente, existem 3.200 alunos inscritos no mestrado integrado de medicina dentária lecionado em 7 faculdades nacionais, sendo que quase 20% são alunos estrangeiros, sobretudo oriundos de França, Espanha e Itália.

O bastonário da OMD explica que “a medicina dentária em Portugal é das mais evoluídas do mundo e tem tido um reconhecimento internacional crescente. É esta a justificação para o aumento do número de alunos estrangeiros que optam por fazer a sua formação no nosso país para depois exercerem nos seus países de origem. Esta é, sem dúvida, uma oportunidade a explorar pelas faculdades em Portugal, porque permite reduzir o número de alunos portugueses sem perda de receita. Seria uma forma de estas instituições, publicas e privadas, contribuírem para a minimização do problema flagrante que é o excesso de médicos dentistas”.

Aceda ao documento Os Números da Ordem 2017.

 

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