As doenças orais são um problema de saúde pública que a Organização Mundial da Saúde (OMS) quer combater. Para isso, está a trabalhar num plano de ação com medidas concretas que possam ser alcançadas até 2030. Os Estados membros e a sociedade civil também podem enviar contributos até 17 de setembro.

Estima-se que existam mais de 3.5 biliões de pessoas com doenças orais, a maioria das quais podiam ser prevenidas. Os cancros dos lábios e cavidade oral juntos representam o décimo sexto tipo de cancro mais comum em todo o mundo.

A nível político, a OMS aponta o reduzido investimento que os governos dedicam à saúde oral. “Normalmente, a saúde oral é financiada de forma inadequada, altamente especializada e isolada do restante sistema de saúde. Os cuidados com a saúde oral geralmente não são cobertos em instalações de cuidados primários.”

“Em muitos países, pouca atenção é dada ao planeamento da força de trabalho do setor da saúde oral para tratar as necessidades da população. A formação em medicina dentária raramente integra os sistemas de formação da saúde geral e concentra-se na educação de médicos dentistas altamente especializados, em vez de profissionais de saúde oral comunitária e de prestadores de cuidados intermédios, como assistentes dentários, enfermeiras dentais, terapeutas dentais e higienistas orais.”, aponta a OMS.

A OMS lembra que a saúde oral diz respeito ao bem-estar da boca, abrangendo muitas funções essenciais, incluindo a respiração, comer, falar, sorrir e sociabilizar. Ter uma boa saúde oral, com conforto e confiança, permite a um indivíduo atingir a sua plena capacidade e participação na sociedade. A saúde oral é parte integrante da saúde geral, bem-estar e qualidade de vida, do nascimento à velhice.

Na estratégia de combate às doenças orais, a OMS defende seis princípios orientadores:

  1. Uma abordagem de saúde pública para a saúde oral.
  2. Integração da saúde oral nos cuidados de saúde primários.
  3. Um novo modelo de recursos humanos de saúde oral para responder às necessidades da população.
  4. Cuidados de saúde oral centrados nas pessoas.
  5. Saúde oral adaptada às diferentes necessidades ao longo da vida.
  6. Otimização das tecnologias digitais para a saúde oral.

Este são os cinco objetivos que a OMS quer atingir até 2030:

  1. Políticas de saúde – aumentar o compromisso político e de recursos para a saúde oral, fortalecer a liderança e criar relações mutuamente benéficas dentro e fora do setor da saúde.
  2. Promoção da saúde oral e prevenção das doenças orais – capacitar todas as pessoas a alcançar a melhor saúde oral possível e atacar e reduzir os determinantes e riscos sociais e comerciais que causam as doenças orais.
  3. Cuidados de saúde primários – capacitar mão de obra e garantir recursos financeiros e materiais para oferecer cuidados primários de saúde integrados no sistema de saúde.
  4. Sistemas de informação de saúde oral – aumentar a vigilância da saúde oral e sistemas de informação para apresentarem dados relevantes que ajudem à tomada de decisões de políticas de saúde.
  5. Agenda para a investigação em saúde oral – criar a atualizar continuamente uma nova agenda de investigação centrada na saúde pública oral e inovação com impacto na saúde oral,

Conheça em mais detalhe a abordagem a cada um destes princípios e objetivos estratégicos no documento da OMS “Global oral health strategy” (pdf).

A Federação Dentária Internacional (FDI) já destacou a importância do plano de ação que a OMS está a preparar, “fortemente alinhado” com a estratégia global que a própria FDI já apresentou no documento Vision 2030: Delivering Optimal Oral Health for All (site externo).

Este relatório identifica os desafios que a medicina dentária e os seus profissionais enfrentarão na próxima década e propõe estratégias em como podem ser transformados em oportunidades para melhorar a saúde oral, assim como reduzir as desigualdades na saúde oral e reduzir a incidência das doenças orais.