Portugal regista atualmente (3 março 2020) quatro casos confirmados de COVID-19. A Direção-Geral da Saúde (DGS) informou a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) e o Early Warning and Response System (EWRS) e está em curso a investigação epidemiológica e o respetivo rastreio de contactos, assim como o caso do escritor Luís Sepúlveda, que esteve recentemente em Portugal.

Face aos atuais desenvolvimentos, a Ordem dos Médicos Dentistas criou o Grupo de Acompanhamento do COVID-19, coordenado pelo presidente do Conselho Geral, Paulo Ribeiro de Melo, para analisar a evolução do coronavírus em Portugal. Este grupo tem a missão de disponibilizar informação útil, emitindo para já algumas recomendações, permanecendo, no entanto, atentos aos próximos desenvolvimentos, de forma a informar a classe atempadamente.

Para a informação mais atualizada sobre o assunto, a OMD aconselha a consulta do microsite da DGS, acessível em www.dgs.pt/corona-virus.aspx. Nesta área, os profissionais de saúde encontram informação sobre as novas orientações e a evolução da situação portuguesa e internacional, assim como materiais de divulgação com as recomendações das entidades de saúde  junto dos doentes.

A OMD recomenda a adoção das medidas preventivas universais divulgadas pela Organização Mundial da Saúde:

  • Adotar medidas de etiqueta respiratória (tapar o nariz e a boca quando espirrar ou tossir – com lenço de papel ou com o cotovelo, nunca com as mãos; deitar sempre o lenço de papel no lixo);
  • Lavar frequentemente as mãos (nomeadamente sempre que se assoar, espirrar, tossir ou após contacto direto com pessoas doentes);
  • Evitar o contacto próximo com pessoas com infeções respiratórias.

Tendo em conta a especificidade da medicina dentária, a Ordem dos Médicos Dentistas preparará um conjunto de documentos e perguntas frequentes que pretenderão dar o apoio necessário ao exercício profissional, apresentando para já a seguinte informação e recomendações:

Como é sabido, o COVID-19 propaga-se fundamentalmente via gotículas respiratórias, contacto direto com secreções infetadas e aerossóis em alguns procedimentos terapêuticos que os produzem (por exemplo as nebulizações), bem como nas consultas de medicina dentária. Encontrando-se os médicos dentistas, no exercício da profissão, expostos ao contacto com aerossóis e a distâncias inferiores a um metro dos doentes, a Ordem dos Médicos Dentistas aconselha o seguinte:

  • Usar máscaras com válvula FFP2 ou, em caso de continuar a usar as máscaras habituais, trocá-la a cada duas horas para evitar a perda de eficácia;
  • Reforçar o uso de batas, luvas e proteção ocular;
  • Lavar cuidadosamente as mãos antes e depois de tratar o doentes;
  • Após cada consulta, limpar e desinfetar imediatamente todas as superfícies e ambiente de trabalho;
  • Ter precauções redobradas no manuseamento de modelos e moldes, assegurando a sua efetiva desinfeção;
  • Seguir escrupulosamente todos os procedimentos universais de esterilização e desinfeção;
  • Evitar os cumprimentos com beijos ou aperto de mão na consulta.

De salientar a importância de procurar manter todas as superfícies do consultório permanentemente limpas e desinfetadas devido ao facto do vírus poder ser transportado pelos aerossóis e conseguir sobreviver nessas superfícies por mais de nove dias.

A Direção-Geral de Saúde emitiu recentemente uma orientação para as empresas adotarem um Plano de Contingência relativamente à epidemia de COVID-19. Considerando a importância de aplicar o plano de preconizado pela DGS, a OMD preparou um modelo que poderá servir de guia para qualquer clínica ou consultório de medicina dentária, devendo o mesmo ser adaptado à realidade local (docx).

Como medida preventiva adicional, a Ordem dos Médicos Dentistas lembra que, antes de iniciar a consulta, deve evitar contactar na mesma com doentes suspeitos de serem portadores do vírus. Salienta-se que a definição de caso suspeito relativo ao COVID-19, nesta data, resulta da conjugação de critérios clínicos e epidemiológicos, devendo ser considerada suspeita:

  • Qualquer pessoa que tenha viajado para alguma das áreas afetadas, 14 dias antes do início dos sintomas;
  • Qualquer pessoa que, nos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sintomas, tenha estado em contato próximo com um caso provável ou confirmado;
  • Qualquer pessoa com sintomas clínicos compatíveis com uma infeção respiratória, com febre, tosse, dispneia ou mal-estar.

 

Transmissão do COVID-19

Identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, até então o coronavírus não tinha sido diagnosticado em seres humanos. As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infeção respiratória aguda como febre, tosse e dificuldade respiratória. Nos casos mais graves, pode dar origem a uma pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e a eventual morte.

O coronavírus foi entretanto designado de COVID-19. O seu período de incubação ainda se encontra sob investigação, desconhecendo-se ainda qual a fonte da infeção. Não existe uma vacina e o tratamento é dirigido aos sinais e sintomas apresentados.

 

Orientações da DGS

A DGS anunciou que foi reforçada a Linha de Apoio ao Médico (300 015 015). Esta conta agora com um novo modelo, que conta com apoio de médicos do Serviço Nacional de Saúde das Administrações Regionais de Saúde do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo.

Foi atualizada a nova definição de caso COVID-19, através da Orientação nº 002A/2020 de 25/01/2020 (pdf), encontrando-se em linha com o preconizado pelo ECDC (Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis).

Os profissionais de saúde devem também consultar a Orientação nº 003/2020 de 30/01/2020 – Prevenção e Controlo de Infeção por novo Coronavírus (2019-nCoV) [pdf] e a Orientação nº 002/2020 de 25/01/2020 atualizada a 10/02/2020 – Infeção pelo novo Coronavírus (2019-nCoV) [pdf].

Informa-se que está ativo o Plano de Contingência em fase alargada, com a definição dos hospitais de retaguarda e o alargamento da capacidade de diagnóstico nos laboratórios.

Poderá consultar a Orientação nº 6/2020 de 26/02/2020, relativa a procedimentos de prevenção, controlo e vigilância em empresas [pdf] e aconselha-se a leitura dos documentos do ECDC, de definição de caso de COVID-19 para vigilância [site ECDC] e a quinta atualização da avaliação de risco [site ECDC].

Atualmente, em virtude de uma parceria contra as “fake news”, todos os conteúdos produzidos pela redação do Polígrafo serão validados cientificamente pela Direcção-Geral da Saúde.

 

Recomendações do CED

Relativamente ao COVID-19, no site do Conselho Europeu de Médicos Dentistas (CED), os médicos dentistas podem encontrar informação geral [site CED]e informação médica [site CED].