Daniel Serrão faleceu na madrugada de ontem, 8 de janeiro de 2017, aos 88 anos, vítima de problemas respiratórios. As cerimónias fúnebres realizam-se esta manhã, 9 de janeiro, na Igreja da Lapa, no Porto.

A Ordem dos Médicos Dentistas recorda Daniel Serrão como uma “figura notável, que foi uma referência para a medicina, pelo seu contributo para a investigação e para o ensino e defesa da importância da bioética”.

O professor catedrático licenciou-se em 1951, na Faculdade de Medicina do Porto, com 17 valores. Em 1959 doutorou-se com 19 valores. A sua biografia indica que, embora tenha sentido “uma vocação irresistível” para ser médico, acabaria por sentir um apelo maior para a docência na Anatomia Patológica.

Em 1971, o percursor da bioética assumiu a direção do serviço académico e hospitalar de anatomia patológica da Faculdade de Medicina do Porto, após ter sido aprovado por unanimidade como professor catedrático.

Com a revolução de 1974 viria a ser demitido de todas as funções, tendo sido reintegrado um ano depois. A partir daí dedicou-se ao campo da ética médica e biomédica em geral, acabando por tornar-se numa referência nacional e internacional.

Ao longo da sua carreira, Daniel Serrão integrou o Comité Internacional de Bioética da UNESCO e o Comité Diretor de Bioética do Conselho da Europa. Foi ainda convidado pela União Europeia para fazer a avaliação, seleção e controlo da execução de projetos de investigação em Bioética.

O médico, portuense por opção, que se assumia como um homem de fé, viria a ser escolhido pelo Papa João Paulo II para a Academia Pontifícia para a Vida. Já em Portugal, entre 1991 e 2009, foi membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV).

Entre os vários prémios que recebeu, destaque para o Prémio Pfizer, a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos, o Prémio Nacional de Saúde, a Medalha de Serviços Distintos do Ministério da Saúde (grau ouro), a Medalha de Mérito Militar do Ministério da Defesa e a Medalha de Ouro da Cidade do Porto.