CPAP com interface oro-facial induz alterações citológicas no epitélio oral

Póster > Casos clínicos > Biologia Oral

Hall dos Posters – 11 novembro, 09h00 às 10h30 – Ordem nº 121

Bruno Miguel Santos Carvalho

Universidade do Porto

Petra Filipa dos Santos Freitas
Sara Filipa Oliveira Durão
Pedro de Sousa Gomes
Catarina Alexandra Pires Eloy

Relato do caso: Paciente de 22 anos, com Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), em terapia com mascara oronasal de pressão aérea continua positiva (onCPAP) durante 23 meses, apresentou níveis significativamente aumentados de dado no ADN e de morte celular, em células exfoliadas do epitélio oral. Foi realizado exame citológico mediante o protocolo estandardizado de análise de micronúcleos de células bucais e os resultados foram comparados com controlos emparelhados. Após descontinuação do tratamento durante 3 semanas, mediante supervisão clínica, verificou-se uma redução significativa dos parâmetros do dano no ADN e de morte celular.

Discussão: O tratamento com CPAP é o método mais comum e eficaz de tratamento do SAOS, estando associado a uma melhoria significativa na qualidade de vida, redução da sonolência e diminuição da morbilidade e mortalidade cardiovascular. A sua utilização tem sido associada a sintomatologia local, nomeadamente irritação e secura das vias aéreas superiores com alteração da morfologia e organização das células epiteliais. À luz do conhecimento atual, a terapia com CPAP não foi previamente relacionada com alterações citológicas do epitélio oral. As alterações poderão decorrer da administração de ar frio e seco que aumenta a libertação local de mediadores pro-inflamatórios, podendo induzir alterações citotóxicas e genotóxicas em células epiteliais.

Conclusões: O caso reportado sugere que o uso a longo prazo de onCPAP pode afetar a viabilidade e induzir dano nas células do epitélio oral sendo, no entanto, necessário desenvolver mais estudos que demonstrem a relação causal entre terapia com onCPAP e dano nas células bucais.