Líquen plano oral e cutâneo – relato de um caso clínico

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Hall dos posters – 8 novembro, 11h30-13h00 – Ordem nº

Descrição

Doente leucodérmica do género feminino, com 56 anos, veio referenciada a uma consulta de Medicina Oral, por apresentar lesões na cavidade oral. O exame objectivo revelou a presença de múltiplas lesões brancas na mucosa jugal, gengiva e dorso da língua.

Para além do envolvimento oral, observou-se ainda a existência de lesões cutâneas, designadamente no couro cabeludo e leito ungueal. Foi realizada biopsia incisional cujo exame anatomo-patológico confirmou o diagnóstico clínico de Líquen Plano (LP). Posteriormente, a doente iniciou uma terapêutica com corticosteróides tópicos e foi encaminhada à consulta de Dermatologia do Hospital Curry Cabral para avaliação das lesões extra-orais.

Discussão

O LP é uma doença mucocutânea inflamatória crónica que afecta o epitélio escamoso estratificado. Estima-se que atinja cerca de 1% da população mundial, predominantemente mulheres pós-menopausa. Embora a sua etiopatogenia permaneça desconhecida, é considerada uma patologia auto-imune resultante de uma reação imunológica mediada por linfócitos T (indutores de apoptose de células epiteliais), a uma alteração antigénica em pacientes geneticamente susceptíveis.

Tradicionalmente, o LP é classificado em líquen plano oral clássico ou idiopático (LPO) e lesões liquenóides orais (LLO), encontrando-se estas últimas associadas a reações enxerto-hospedeiro, de contato por materiais dentários ou fármacos. O diagnóstico deve ser baseado em rigorosos critérios clínicos e histológicos.

Conclusão

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o LPO é considerado uma patologia potencialmente maligna, apresentando uma taxa de malignização de cerca de 1% a 5 anos. No entanto, o processo de transformação maligna permanece um tema controverso: terão estas lesões um verdadeiro potencial de malignização intrínseco ou facilitarão apenas a ação de agentes carcinogénicos? O Médico Dentista desempenha um papel fundamental no tratamento destes doentes. A biopsia constitui uma ferramenta essencial para a confirmação histológica do diagnóstico clínico e para a exclusão de displasia ou neoplasia.