Leucoplasia verrugosa proliferativa. Apresentação de um caso clínico e revisão da literatura

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Sala 1 – 8 novembro, 17h30 – Ordem nº

Caso clínico

Mulher de 77 anos, caucasiana. Foi derivada ao serviço de Cirurgia Bucal em Março de 2010 por apresentar uma lesão na mucosa palatina, com 5 anos de evolução, causava desconforto quando comia e não remetia apesar do tratamento instaurado pelo seu dermatologista.

Durante a exploração clínica observou-se: um edentulismo total superior (portadora de uma prótese completa), uma lesão de 6x7cm no palato, mucosa do rebordo alveolar e fundo de vestíbulo. Tratava-se de uma lesão exofítica, branco-amarelada-eritematosa, som superfície nodular, depressível, não dolorosa e que não se desprendia (só se obtinham detritos). Na ortopantomografia, não se observava uma afectação óssea, sendo realizadas 4 biópsias que resultaram ser zonas com hiperplasia epitelial, inflamação aguda/crónica e abundantes microorganismos compatíveis com Cândida.

Perante este resultado, foi realizado um tratamento antifúngico e ao constatar que a lesão persistia decidiu-se repetir as biópsias incisionais que vieram a revelar uma displasia epitelial de alto grau e um foco microscópico de carcinoma de células escamosas. Procedeu-se à exérese total da lesão e reconstrução com um enxerto da fáscia do músculo temporal e bola adiposa de Bichat.

Discussão

Devido ao aspecto clínico da lesão foi feito o diagnóstico diferencial com leucoplasia verrugosa proliferativa e carcinoma verrugoso. A presença de hifas compatíveis com Cândida nos cortes histológicos das primeiras biópsias impediu um correcto diagnóstico, já que não podia pôr-se de parte que as alterações epiteliais observadas fossem secundárias à infecção. As novas biópsias demonstraram uma lesão proliferativa, com atipía citológica, morfologicamente compatível com leucoplasia verrugosa proliferativa, com um foco de carcinoma escamoso bem diferenciado.

Conclusões

Observando o curso dos acontecimentos, podemos concluir que o tratamento foi o adequado. Este caso ilustra a dificuldade em alcançar um diagnóstico correcto neste tipo de lesões, para o qual é necessária uma colaboração clínico-patológica próxima.