Cristiana Pereira

Papel do médico dentista no diagnóstico de maus-tratos infantis: enquadramento normativo

  • Professora auxiliar com agregação na Faculdade de Medicina Dentária na Universidade de Lisboa
  • Investigador principal do grupo de investigação FORENSEMED da Unidade de Investigação UICOB da FMDUL
  • Investigadora integrada do Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa (CEAUL)
  • Médica dentista da Equipa Nacional DVI, INMCLF
  • Membro por Portugal no subgrupo Medicina Dentária Forense do grupo DVI da Interpol
  • Afiliada por convite no OSAC-NIST para a Medicina Dentária Forense
  • Consultora em medicina dentária forense do INML e depois INMLCF, de novembro de 2004 a maio de 2020

Nacionalidade: Portugal

Áreas científicas: Odontopediatria

4 de novembro, de 14h30 às 15h05

Auditório B

Resumo da conferência

Os maus tratos em crianças e jovens constituem um sério e complicado problema social, de enorme complexidade. Esta complexidade resulta, na sua essência, de três grandes aspetos: a) dos vários conceitos de maus tratos (relacionados com fatores culturais e socioeconómicos e com a área profissional ao nível da qual é feita a sua abordagem); b) dos seus mecanismos etiológicos: problemas como a precariedade socioeconómica, o alcoolismo, a baixa formação escolar ou o excesso de stress são frequentemente associados aos maus tratos físicos, revestindo-se estes de maior visibilidade relativamente a outras formas de violência, como os maus tratos emocionais, mais característicos dos ecossistemas socioeconomicamente favorecidos (neste último caso, a deteção dos maus tratos é mais dificultada pela disponibilidade dos recursos necessários, na família, para, sem resolver o problema, manter no anonimato); c) das várias formas de abordagem da problemática, desde a intervenção (informal ou formal) à prevenção.
O trabalho de proteção de crianças e jovens requer o máximo de cooperação, não só das instituições públicas competentes neste âmbito, e dos profissionais que delas estão distantes, nomeadamente dos médicos dentistas. Muitas vezes, é a desinformação profissional que impede que se detetem e tratem estes casos de forma atempada e de forma correta.
A nenhum profissional isolado, nomeadamente médico dentista, se pode atribuir a responsabilidade do diagnóstico e proteção de uma criança ou jovem em perigo, devendo partilhar-se esta responsabilidade na fase mais inicial possível para que as suspeitas possam ser confirmadas e implementadas as apropriadas medidas de intervenção e suporte.