Quais as opções de emprego que existem? Ainda é possível exercer a profissão em Portugal ou o melhor é começar já a procurar oportunidades no estrangeiro? E será que existem outras oportunidades de trabalho, sem ser necessário mudar de profissão, mas que passam ao lado do tradicional trabalho em clínica, como por exemplo ao nível da investigação?

Representantes da juventude, dos jovens médicos dentistas e dos estudantes de medicina dentária reuniram-se ontem, 29 de setembro, para discutirem estas e outras questões, num debate organizado pelo Conselho dos Jovens Médicos Dentistas (CJMD) da OMD.

O webinar Empregabilidade em Medicina Dentária, que foi transmitido na plataforma Zoom e em direto no Facebook da OMD, teve como ponto de partida o inquérito realizado aos profissionais com menos de 35 anos. Nesse estudo, entre as várias conclusões, estima-se que mais de metade dos jovens médicos dentistas não voltaria a escolher a profissão ou pretende complementá-la com outra área.

Mónica Lourenço, vogal do Conselho Diretivo e coordenadora do pelouro dos Jovens, Tiago do Nascimento Borges, presidente do Conselho de Jovens Médicos Dentistas da OMD, João Figueiredo, presidente da Associação Nacional dos Estudantes de Medicina Dentária (ANEMD), Afonso Beirão, membro da direção do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), foram os convidados deste webinar moderado pela jornalista Sónia Ramalho.

Tiago do Nascimento Borges, entre outras questões, constatou que se assiste a uma “mercantilização da profissão”, devido ao excesso de profissionais e que tal tem implicações na população. Por outro lado, referiu que a criação de um 6º ano acresceria “experiência”, dando maior “conforto e confiança” ao médico dentista e ao empregador. “Cabe-nos a nós, enquanto associações aqui presentes e a própria Ordem, consciencializar os colegas mais jovens, que estão a construir a sua ética e deontologia”, frisou.

Mónica Lourenço, vogal do CD, explicou que a precariedade é um problema que perdura no tempo e lembrou os seus próprios desafios durante o início da profissão, idênticos aos de muitos recém-licenciados, em que “é muito difícil destacarmo-nos nesta área”. Falou de algumas ações da Ordem, como o Gabinete de Apoio ao Médico Dentista que pode “aconselhar e ouvir os colegas”.

Lembrou também que a classe pode, a título individual, combater a má prática e má publicidade e denunciar situações às entidades competentes, como a ERS e o próprio Conselho Deontológico e de Disciplina, sem nunca esquecer “as responsabilidades éticas” apesar das grandes dificuldades.

João Figueiredo, presidente da ANEMD, apresentou alguns números que comprovam a “dicotomia” existente entre empregabilidade e condições laborais, realçando, por outro lado, que Portugal é o quarto país da União Europeia com mais médicos dentistas. Referiu que o “problema do excesso de estudantes em medicina dentária não é novo e está mais do que consagrado como a raiz comum dos principais problemas a jusante”, comprometendo igualmente “a qualidade do nosso ensino, que é o nosso principal foco”.

Afonso Beirão, do CNJ, acrescentou que é importante a “valorização e financiamento do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente nas suas especialidades”, uma vez que grande parte da população precisa de cuidados de saúde oral e é uma “incumbência que o Estado tem que adotar para garantir que esse direito é assegurado”.

A sessão contou ainda com a participação das médicas dentistas Catarina Duarte (integra o projeto Comer Bem, Sorrir Melhor) e Maria João Azevedo (investigadora na Holanda), que relataram as suas experiências profissionais e como alteraram o seu rumo profissional.

Numa sessão bastante participativa, a audiência aproveitou para fazer várias perguntas, que foram colocadas a debate, e para esclarecer dúvidas relacionadas com o início da atividade.