Quando se fala de turismo de saúde, os especialistas estão de acordo: Portugal tem inúmeras vantagens competitivas, que estão identificadas, mas falta passar da definição de estratégias à sua operacionalização.

Na sessão Na Ordem do Dia, que decorreu durante o congresso da Ordem, o turismo em medicina dentária foi um dos temas colocados em reflexão e, deste encontro, concluiu-se que a dinamização deste potencial setor pode passar pela criação de pacotes turístico atrativos, que permitam aos pacientes internacionais visitar o país ao mesmo tempo que realizam tratamentos e outras terapias médico-dentárias.

Na mesa redonda, moderada por Fernando Arrobas, coordenador do grupo de trabalho da OMD Turismo em Medicina Dentária, Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte, Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, e Óscar Gaspar, presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), foram identificadas as características que fazem de Portugal um destino de eleição e abordou-se o facto de o país não ter um produto de saúde estruturado, ao contrário do que acontece em outros segmentos turísticos.

Fernando Arrobas lembrou que quem procura “tratamentos médicos fora dos seus países valoriza a certificação de qualidade das clínicas, a tecnologia de ponta disponível e o currículo do médico dentista”.

O bastonário da OMD, Miguel Pavão, também interveio para realçar que o “capital humano de conhecimento e talento não pode ser desperdiçado”. O responsável lembrou que este é o timing ideal para criar uma estratégia e integrar a medicina dentária no plano do Governo, definido a sete anos. Explicou que “há muito por fazer neste ponto”, dando como exemplo o “recurso à promoção externa, nomeadamente Portugal ser visto como um país de acolhimento de tratamentos médico-dentários, de referência no turismo de saúde”. Sugeriu também que, a nível interno, “um médico dentista possa concorrer a um fundo para capacitar a equipa” e sejam promovidos programas e financiamentos que permitam criar oportunidades nesta área.

Luís Pedro Martins reforçou a ideia de que “o que falta é organização, porque o resto está tudo identificado”. Deu o exemplo da Turquia que se posicionou com sucesso neste segmento, onde apresenta oferta na área da medicina dentária, pelo preço e pacote turístico e que provavelmente não tem “metade das nossas condições”, a começar desde logo pela “credibilidade, com a certificação, com a competência”. Por isso, lançou a provocação: “já decidimos, já discutimos, vamos por em prática”.

Pedro Machado anuiu que “o que falta ao turismo médico é estruturar produto”, para que possa “ganhar perceção internacional”. Além disso, acrescentou que o país “faz parte da maior placa recetora de turistas internacionais do mundo”, que é o mercado da Península Ibérica, responsável por atrair “mais de 100 milhões de potenciais consumidores”.

Óscar Gaspar afirmou ser um grande defensor e entusiasta do turismo de saúde. Constatou que o país tem “potencial”, já que alia profissionais e um setor médico de excelência e um turismo de referência. Acrescentou que, “mesmo nesta fase de pandemia, a imagem de Portugal não foi minimamente beliscada”, pelo que a questão central passa pela necessidade de “nos organizarmos e de termos uma oferta” portuguesa.

Assista à gravação vídeo da sessão.