A Ordem dos Médicos Dentistas solicitou uma audiência aos dois partidos políticos que apresentam no programa eleitoral para as próximas legislativas propostas para a saúde oral e medicina dentária: o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD).

O PSD aceitou o repto da Ordem e a reunião realizou-se ontem, 13 de janeiro. Participaram neste encontro, que decorreu online, da parte da OMD, o bastonário Miguel Pavão e o membro do Conselho Diretivo, Rui Paiva, e da parte do PSD, os coordenadores nacionais para a área da Saúde, António Araújo, Guilhermina Rego e Ricardo Baptista Leite.

Na audiência, Miguel Pavão aproveitou para realçar o papel das ordens na construção de melhores políticas para o país, uma vez que estas instituições conhecem em detalhe a realidade das profissões que representam. Por isso, reforçou que o seu contributo não pode ser secundarizado e deu como exemplo o caso da medicina dentária. O bastonário esclareceu que a OMD tem trabalhado no sentido de alertar os decisores políticos para o facto de “faltar um orçamento para a saúde oral e esse é um ponto basilar”.

O responsável notou que “a saúde oral tem sido usada como bandeira política”, mas que na prática verifica-se um desfasamento entre o que é proposto nos programas e a ação. Por isso, elencou algumas das medidas que são urgentes para o setor e que têm impacto direto na saúde oral dos portugueses. Desde logo a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Miguel Pavão recordou que foram anunciadas metas para a criação de gabinetes de medicina dentária, mas que não são apresentadas “formas, nem métodos” para cumprir este objetivo.

No âmbito da necessidade de investimento no setor, o bastonário destacou a importância de uma das propostas apresentadas ao atual Governo que consiste na alocação de 30% do imposto sobre bebidas açucaradas à saúde oral. Miguel Pavão explicou aos coordenadores nacionais do PSD para a área da Saúde que esta verba permitiria investir no programa cheque-dentista que, em 14 anos de existência nunca foi revisto. Nomeadamente a restituição do valor da comparticipação feita aos médicos dentistas e a dinamização de políticas para redução do número de cheques não utilizados (superior a dois milhões desde o início do programa).

O PSD mostrou-se bastante recetivo à sugestão apresentada pela Ordem quanto à aposta nas parcerias entre a rede de clínicas privadas e o Governo. Uma medida que permitiria responder à população em áreas como a reabilitação oral ou tratamento de pacientes com diabetes. A OMD fez ainda notar que urge implementar a carreira de medicina dentária no SNS, que aguarda aprovação há mais de dois anos.

A Ordem considerou bastante positivo o facto de o programa eleitoral do PSD valorizar a prevenção, a literacia em saúde e a criação de estilos de vida saudáveis. Miguel Pavão constatou que esta estratégia vai de encontro às metas da Organização Mundial da Saúde para a próxima década e alertou os deputados de que a execução deste plano poderá ficar em risco caso avancem os pedidos de abertura de novos mestrados integrados de medicina dentária.

O Partido Socialista confirmou à OMD o interesse em reunir para discutir as matérias relacionadas com a saúde oral, mas só após a realização das eleições de 30 de janeiro.