O arcebispo Desmond Tutu, falecido nos últimos dias de dezembro, definiu a esperança como a capacidade de enxergar a luz mesmo onde e quando só parece existir escuridão.

Num momento em que o número de novas infecções pela Covid-19 bate todos os recordes em Portugal e no mundo, é também possível, neste início de 2022, perceber muito claramente que o esforço feito no decurso do último ano para vacinar o maior número possível de portugueses nos permite hoje encarar o futuro de uma forma bem mais auspiciosa.

Graças a uma campanha de vacinação exemplar, à capacidade de nos adaptarmos às novas circunstâncias e à resiliência dos médicos dentistas e daqueles que conosco trabalham, estamos agora melhor protegidos contra as investidas da pandemia e cada vez mais próximos do momento em que esta nova doença poderá passar a ser encarada com naturalidade.

É necessário que continuemos vigilantes e que mantenhamos os protocolos de proteção individual que a pandemia nos obrigou a adotar.

Há agora, todavia, fundados motivos para ter esperança e para acreditar que a Covid-19 terá doravante um impacto cada vez menor no nosso modo de vida, nos nossos hábitos quotidianos e no funcionamento das empresas e das instituições. Talvez não seja possível, após dois anos de restrições e dificuldades, retomar a normalidade plena a que antes estávamos habituados, mas é fundamental que as lições adquiridas neste período nos inspirem a regressar a uma certa regularidade e à certeza de que o fundo do túnel está cada vez mais próximo.

É também por isto que o Ordem dos Médicos Dentistas tem perseverado no estabelecimento e na consensualização de uma agenda para a saúde oral em Portugal, a qual não só estabeleça metas e objetivos claros para a satisfação de uma necessidade básica dos cidadãos, mas que também permita a todos os profissionais encarar com otimismo e confiança este ano que agora começa.

Despeço-me, deixando-vos votos de um 2022 com saúde e ânimo, para construirmos uma medicina dentária mais forte, em prol dos nossos doentes e prestigiando a nossa nobre profissão.

Miguel Pavão
Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas