No dia em que foi votada por unanimidade na Assembleia Legislativa da Madeira a criação de uma carreira pública de medicina dentária na região, o membro do Conselho Diretivo da OMD, Manuel Nunes, saúda a iniciativa, pioneira no país, e alerta para os entraves que têm sido colocados à sua implementação no continente.

O responsável lembrou, em entrevista à Rádio Observador, que a criação da carreira de médico dentista no Serviço Nacional de Saúde é reivindicada há muitos anos, mas falta vontade política. “O Estado opta por continuar a deixar os médicos dentistas em ilegalidade”, sustenta e refere que os profissionais que exercem atualmente no serviço público estão integrados na carreira geral de técnicos superiores ou como prestadores de serviços, através de empresas de trabalho temporário, o que origina duas situações: a “funcional ilegal dos médicos dentistas em carreira administrativa e a laboral ilegal dos médicos dentistas a recibos verdes”.

A Ordem dos Médicos Dentistas enviou recentemente ao Governo uma proposta no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), na qual solicita a correção urgente do atual modelo de inserção da classe nos cuidados de saúde primários, mediante a implementação da carreira especial de medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Nesse mesmo documento, é também defendida a existência de pelo menos um médico dentista em cada centro de saúde.

Plano de Recuperação e Resiliência deve mitigar acessibilidades

Na opinião de Manuel Nunes, o PRR constitui uma oportunidade para mitigar a acessibilidade limitada da população aos cuidados de medicina dentária. E nota que, neste momento, o SNS não consegue dar resposta às necessidades básicas dos portugueses.

Por outro lado, esclarece que o investimento neste setor permitirá atuar na prevenção e deteção precoce de problemas e doenças orais.