A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) acompanha com preocupação crescente a forma como está a ser implementado o Plano de Vacinação Covid-19. Preocupação ainda maior depois de a ministra ter admitido em entrevista à RTP que há profissionais de saúde que vão ficar fora do plano de vacinação. Num presságio do que poderá acontecer.

A ministra da Saúde admite que há desvios de vacinas para pessoas que não estão contempladas na primeira fase do plano de vacinação. Ainda segundo a ministra, em reunião da ‘task-force’, “foram discutidos mecanismos que irão ser estabelecidos para a avaliação de situações de desvio àquilo que são as regras de vacinação de acordo com os grupos prioritários”.

Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, dirige-se à classe sobre a vacinação:

 

Consulte um documento com as diversas diligências já encetadas pela Ordem dos Médicos Dentistas no âmbito da vacinação COVID-19 dos médicos dentistas (acesso reservado a médicos dentistas).

 

Vários alertas já foram feitos pela OMD em reuniões, quer com a ‘task-force’ quer com o Ministério da Saúde, para a urgência de vacinar médicos dentistas, higienistas orais e assistentes dentários.

Ainda que já tenha sido confirmado pela ‘task-force’ que os assistentes dentários não estão contemplados nesta primeira fase de vacinação, a OMD tem insistido na importância de vacinar estes profissionais, dado o trabalho de equipa que desempenham junto dos doentes com os médicos dentistas.

A OMD reportou falhas de vacinação a não profissionais de saúde e deu exemplo de outros modelos a funcionar noutros países, onde existe envolvimento de médicos dentistas na vacinação de forma a facilitar e acelerar o processo.

Os médicos dentistas, como profissionais de saúde, estão incluídos na primeira fase de vacinação, mas o cumprimento do plano está dependente da distribuição das vacinas, que as farmacêuticas não estão a cumprir, segundo declarações de Francisco Ramos, coordenador da ‘task-force’ do Plano de Vacinação da Covid-19. As farmacêuticas têm reconhecido atrasos e admitem falhas nos prazos de entrega.

Esta semana, em declarações à agência Lusa, Francisco Ramos afirmou que “Estamos a falar de um atraso superior a 50% daquilo que estava programado [a nível europeu], o que no caso português significaria em vez de 1,4 milhões de doses previstas para fevereiro e março, receber 700 mil doses [da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca]. Ainda é possível que esse número seja revisto em alta”.

Para a OMD, no entanto, o que está em causa é a falta de informação e a descoordenação que existe em relação ao plano de vacinação.

Miguel Pavão, bastonário da OMD, refere que “A indicação que nos foi dada é que os médicos dentistas começariam a ser vacinados a partir de meados de janeiro, tendo sido posteriormente alargado o prazo para início de fevereiro. O plano está atrasado e põe em causa profissionais de saúde essenciais no combate à Covid-19, e que estão muito expostos ao risco como é o caso dos médicos dentistas. Que outra profissão da saúde está tão exposta a este vírus como os médicos dentistas?”

O bastonário recorda que “A OMD fez um levantamento de todos os médicos dentistas que querem ser vacinados e entregou prontamente esta listagem às autoridades, que agora estão a pedir aos profissionais de saúde que se registem no site da DGS e que a OMD não foi informada sobre a sua existência. É duplicar trabalho desnecessariamente, mas sobretudo é uma perda de tempo. E um sinal evidente de descoordenação que reflete o estado em que Portugal se encontra.”

Para Miguel Pavão, “Apesar de termos noção da limitação de vacinas a nível europeu, não significa que se possa deixar de otimizar o plano de vacinação e, sobretudo, contar com a colaboração das ordens profissionais e de todos os profissionais de saúde para este importante processo de vacinação. Estamos todos do mesmo lado no combate à Covid-19. O trabalho conjunto nunca foi tão importante. Estamos totalmente disponíveis para ajudar”.