O Jornal da Associação Americana de Medicina Dentária (ADA) publica um relatório que indica que, nos Estados Unidos da América (EUA), a taxa de médicos dentistas infetados com a COVID-19 é de 0,9%.

O documento, da autoria do Instituto de Ciência e Pesquisa da ADA e do Instituto de Política de Saúde, em Chicago, contou com a participação, até junho deste ano, de 2.200 profissionais. Neste primeiro relatório, uma vez que o estudo continua a decorrer, apenas 16,6% dos médicos dentistas foram testados, sendo que os casos positivos ocorreram um pouco por todo o país, sem incidência em nenhuma região específica.

Os dados significam que “o que os médicos dentistas estão a fazer, o controlo de infeções e uma maior atenção à segurança do paciente e da equipa, está a funcionar”, conclui Marcelo Araújo, diretor executivo do Instituto de Pesquisa e Ciência da ADA.

Para Marko Vujicic, vice-presidente do Instituto de Políticas de Saúde da ADA, “o facto de a medicina dentária ter sido marcada como uma das profissões de maior risco de infeção, mas ter uma prevalência de infeção muito menor em comparação com outras profissões de saúde, não é uma coincidência”.

Edgar Herrera Sanchez, especialista em doenças infeciosas da Saúde Orlando, na Flórida, acrescenta que os números não surpreendem, pois “[os médicos dentistas] já fazem muitas coisas que impedem a disseminação da COVID”.

Inquérito da OMD com dados idênticos

Um inquérito realizado a nível nacional pela Ordem dos Médicos Dentistas em agosto passado apresenta conclusões semelhantes em relação a este tema, que recebeu mais de 3800 respostas de médicos dentistas.

Os resultados mostram que 99,5% dos médicos dentistas não se contaminou em ambiente clínico, o que demonstra que os “médicos dentistas têm prática do controlo de infeção cruzada e têm prática do controlo da sua proteção e do seu staff e, portanto, são ambientes seguros para os pacientes”.

Para o bastonário da OMD, Miguel Pavão, “o número de casos de COVID-19 em médicos dentistas é muitíssimo reduzido, quer em Portugal, quer nos restantes países da Europa ou nos EUA”, um cenário que “comprova a preparação adequada da classe profissional, apesar da medicina dentária ter sido considerada uma das profissões de maior risco”.