A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) vai pedir ao Governo a criação de uma reserva estratégica de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os médicos dentistas e restantes profissionais de saúde.

O objetivo da OMD é acautelar a existência de stocks suficientes de EPI para fazer face a uma segunda vaga da pandemia.

Miguel Pavão, bastonário da OMD, recorda que “a escassez de EPI foi um dos grandes problemas sentidos por todos os profissionais de saúde, incluindo médicos dentistas, nos primeiros meses da pandemia. Num inquérito realizado pela OMD aos médicos dentistas, 91% reportavam falta de algum equipamento de proteção, sobretudo máscaras, batas e viseiras, entre outros. É por isso essencial garantir que Portugal está preparado para enfrentar uma segunda vaga da pandemia e isso faz-se criando uma reserva estratégica de EPI para distribuir por todos os profissionais de saúde, incluindo os médicos dentistas que são dos mais expostos aos riscos de transmissão do vírus.”

A OMD pede ainda ao Governo que lance linhas de apoio para a aquisição de EPI, já que, nesta altura, trata-se de um bem essencial, imprescindível para atender doentes, e cujos preços têm sofrido fortes subidas, prejudicando a retoma da atividade.

Para acompanhar a evolução da pandemia, e por proposta do bastonário da OMD, foi criado um Grupo de Reflexão e Acompanhamento da Covid-19. Na primeira reunião, para além da questão dos EPI, foi decidido pedir ao Ministério da Saúde para incluir os médicos dentistas no grupo prioritário da vacinação contra a gripe e, no futuro, na vacina contra a Covid-19, caso esta venha a existir.

O coordenador do grupo, o médico dentista Fernando Guerra, também presidente do Conselho Geral da OMD, explica que “o objetivo deste grupo é, em conjunto com especialistas, acompanhar a evolução da pandemia e traçar estratégias para potenciar o papel do médico dentista neste contexto, e preparar a classe para uma segunda vaga. Neste sentido, consideramos prioritária a realização de testes periódicos à Covid-19 para médicos dentistas, que estão igualmente na linha da frente desta pandemia, não só no setor privado, mas também no Serviço Nacional de Saúde, no ensino e no setor social”.

Para Fernando Guerra é também importante “estimular a intervenção ativa do médico dentista na comunidade, transformando-o num agente ativo na prevenção da transmissão do novo coronavírus, nomeadamente nas consultas, incentivando os pacientes a descarregarem a aplicação ‘Stayway COVID’, aconselhando a vacina da gripe aos grupos de risco e reforçando os questionários de triagem na pré-marcação de consultas, na confirmação e seguimento de consultas em todas as faixas etárias”.

Na primeira reunião do Grupo de Reflexão e Acompanhamento da Covid-19 da OMD foi ainda debatida a hipótese de realizar testes rápidos aos pacientes imediatamente antes das consultas de medicina dentária e a provável inclusão de médicos dentistas voluntários na Linha Saúde24, que está a ser estudada pela OMD com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

Atendendo à complexidade desta pandemia, o grupo tem uma amplitude de cobertura, com várias perspetivas e várias entidades de referência, incluindo, entre outros, elementos do INSA – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, da Ordem dos Contabilistas Certificados, da SPEMD – Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária, da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, do IPATIMUP – Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto e do ISPUP – Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, bem como o deputado à Assembleia da República, Alberto Machado e membros do Conselho Diretivo da OMD e os presidentes da Comissão Científica da OMD, António Mata, e do Conselho Deontológico e de Disciplina, Luís Filipe Correia.