A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) recomenda a todos os médicos dentistas a suspensão ou adiamento das consultas programadas que não sejam urgentes e por tempo indeterminado.

Ainda que legalmente não tenha poderes para o fazer, a recomendação da OMD surge na sequência do estado de alerta em que Portugal vive por causa da pandemia do COVID-19. Os médicos dentistas estão especialmente expostos a eventuais contágios nas consultas e a OMD criou um grupo de trabalho de acompanhamento da situação que funciona desde o início do mês para divulgar informação e recomendações aos médicos dentistas.

O bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, explica que “vivemos uma situação absolutamente inédita. Legalmente a Ordem não pode decretar o fecho da clínicas e consultórios, pelo que face à evolução da pandemia, o que podemos fazer é recomendar aos médicos dentistas que atendam apenas urgências. Já reunimos com a ministra da Saúde e alertámos para a situação crítica dos médicos dentistas e seus pacientes”.

A OMD denunciou ainda à ministra da Saúde a falta de equipamento de proteção individual, nomeadamente máscaras cirúrgicas.

Orlando Monteiro da Silva revela que “o Ministério irá garantir, através do INFARMED, o fornecimento de máscaras FFP2 adequada para os médicos dentistas tratarem doentes com o COVID-19 ou em quarentena.

Num inquérito online realizado ontem pela OMD para aferir o ponto de situação nas clínicas e consultórios, e a que responderam cerca de 7000 médicos dentistas, a grande maioria já tinha suspendido a atividade ou reduzido as consultas e tratamentos a serviços mínimos de urgência.

Dos que responderam ao inquérito, 95% considera importante que seja decretada oficialmente pelo Estado uma medida de suspensão.

A OMD está também preocupada com as implicações financeiras desta pandemia, uma vez que muitos médicos dentistas são profissionais liberais e tem alertado o governo para as graves consequências desta situação.

O bastonário considera “que é importante que o governo tome todas as medidas necessárias para proteger os profissionais e garantir que os apoios sociais chegam a todos independentemente do seu vínculo laboral.”

Há cerca de dez mil médicos dentistas a exercer em Portugal, para além de higienistas e assistentes dentários, bem como protésicos. No total, entre 25 a 30 mil pessoas podem ser diretamente afetadas por esta situação.

A OMD está a trabalhar em permanência com o governo, a Direção-Geral da Saúde, o INFARMED, os Serviços Partilhados, as Ordens e todos os reguladores envolvidos fazendo notar a necessidade de apoiar os médicos dentistas.

A OMD apela a todos os médicos dentistas que cumpram escrupulosamente as recomendações e medidas difundidas pelo governo, pelas autoridades de saúde e pela própria Ordem.