Há 6,8% de portugueses que nunca vão a consultas de medicina dentária e 24,8% que só vão em caso de urgência. Juntos perfazem 31,6%, ou seja, há quase um terço de portugueses que nunca visitam o médico dentista ou apenas o fazem em situação de extrema necessidade.

É um número que se mantém quase inalterado desde que o Barómetro da Saúde Oral começou a ser realizado em 2014.

Dos 31,6% de portugueses que nunca vão ao médico dentista ou só vão em caso de urgência, 65,3% afirmam não ter necessidade, um aumento de quase 12% em relação ao ano passado, e 22,8% alegam não ter capacidade financeira, uma redução de 8,9% face à última edição.

87,4% dos inquiridos revelaram que mantiveram o número de idas ao médico dentista e 8,4% dizem ter aumentado. Apenas 4,1% dos que responderam ao Barómetro revelam ter diminuído as consultas de medicina dentária, por comparação com os 7,2% registados no ano passado.

De assinalar que 51,2% dos inquiridos nunca mudaram de médico dentista e demoram, em média, 14 minutos a chegar ao consultório.

O Barómetro é realizado pela consultora independente QSP para a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) e tem validade estatística.

Consulte o Barómetro da Saúde Oral 2019 (pdf).

 

35.7% Dos portugueses não visitam o médico dentista há mais de um ano.

Ainda que os resultados mostrem que os portugueses estão a ir ao médico dentista com maior regularidade, não são novos doentes, são doentes habituais que aumentaram a regularidade das visitas aos consultórios de medicina dentária.

Este aumento pode ser explicado pela subida de pacientes com seguros ou planos de saúde, que em 2014 eram apenas 4% e agora já chegam aos 15%.

E se há seis anos, 72% dos inquiridos consideravam a medicina dentária como uma área mais cara que as outras áreas da saúde, nesta edição o número caiu para 54%.

Apenas 31% dos portugueses têm a dentição completa e quase 10% têm falta de todos os dentes.

Se o número de portugueses sem dentes naturais mantém-se em linha com edições anteriores, hoje já existe maior probabilidade de terem dentes substitutos.

48.6% Dos portugueses com falta de dentes naturais não têm dentes de substituição; em 2014 eram 56,1%.

O bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, salienta que “existe hoje uma maior preocupação dos portugueses com a saúde oral, mas há uma percentagem elevada de pessoas que continuam longe dos consultórios de medicina dentária e a probabilidade de serem estas a quem mais faltam dentes naturais sem nada terem a substituir é muito grande. São estas pessoas, por regra com menos recursos e informação, as mais vulneráveis e as que mais precisam de resposta urgente por parte do Ministério da Saúde”.

Orlando Monteiro da Silva revela que “há 59% de portugueses que não sabem que o Serviço Nacional de Saúde disponibiliza a área de medicina dentária. É um valor que tem vindo a cair face a edições anteriores, mas é essencial que haja uma maior divulgação das consultas de medicina dentária nos centros de saúde e que os médicos de família indiquem os doentes em condições de aceder a essas consultas.”

Uma mudança no Barómetro permitiu ainda perceber que nem todos os portugueses escovam os dentes duas vezes por dia como recomendam as boas práticas da saúde oral. Apenas 77,6% dos portugueses afirmam cumprir esta indicação.

Nas edições anteriores esta questão versava apenas sobre “se tem o hábito”, sem especificar a frequência e as respostas ultrapassavam sempre os 96%. A alteração feita este ano, com a quantificação de duas vezes por dia, fez com que o índice de higiene oral diminuísse bastante face às últimas edições. Continua a ser notória a maior implementação destes hábitos nas mulheres.

Do Barómetro da Saúde Oral, o bastonário da OMD destaca ainda que “67.7% dos menores de seis anos nunca visitam o médico dentista, uma situação preocupante que esperamos que mude radicalmente com o alargamento do programa do cheque dentista a partir dos 2 anos, até porque os ganhos em saúde oral das crianças desde que o programa começou em 2008 são enormes”.

Para os inquiridos pelo barómetro, grávidas, diabéticos e portadores de doenças cardíacas ou respiratórias deveriam ter acesso mais facilitado a cuidados de medicina dentária, por necessitarem de acompanhamento redobrado.