“Quem diria que Portugal ia ser um país que exporta conhecimento através das universidades para o estrangeiro!” A afirmação é do bastonário da OMD, em entrevista ao programa Corpo Clínico, do Canal S+. Orlando Monteiro da Silva explica que o número de cédula profissional dos médicos dentistas não corresponde ao número efetivo de membros. Isto porque o país está inserido num Espaço Comum de Circulação de Pessoas (Bens) e Serviços.

“Está tudo a mudar radicalmente” e de forma “vertiginosa”, nota o responsável, que salienta o facto de estar a crescer o número de estudantes estrangeiros nas universidades portuguesas, estudantes esses que muitas vezes regressam ao seu país quando concluem a formação.

Aceda ao vídeo da entrevista.

Orlando Monteiro da Silva salienta ainda que as conclusões dos Números da Ordem 2019, assim como de outras publicações do Observatório de Saúde Oral da OMD, mostram que o “espaço de livre circulação é aproveitado de diversas formas pelos médicos dentistas e diplomados formados nas faculdades portuguesas”. “Pelos médicos dentistas nacionais, no sentido do exercício da profissão noutros países do Espaço Económico Europeu (EEE) e até fora do EEE. Pelos médicos dentistas estrangeiros do EEE e extracomunitários, no sentido de, fundamentalmente, retornarem aos seus países de origem.

Saliente-se que, as qualificações profissionais e académicas proporcionam o seu reconhecimento de forma automática, no primeiro caso, e simplificada, no segundo caso, nos países do EEE. A formação universitária deixou de ser, essencialmente, dirigida ao mercado português, e para portugueses, e passou a ser um serviço, um valor acrescentado dirigido a nacionais de outros países, dentro e fora da União Europeia. Mais de um terço dos alunos das instituições portuguesas de ensino superior são provenientes do estrangeiro, com prevalência de França, Itália e Espanha, de entre outras nacionalidades”, lê-se no estudo.

Na sua opinião, além da urgência de um consenso entre ministérios da Saúde, da Educação e das faculdades para adequar a oferta à empregabilidade, é importante que os candidatos ao curso de medicina dentária a ponderem igualmente estes fatores. E acrescenta que “o Observatório de Saúde Oral dos Médicos Dentistas disponibiliza informação adequada à tomada de decisão, sendo recomendada a sua leitura atenta”.