A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) registava, no final do ano passado, 10.653 membros com inscrição ativa, ultrapassando pela primeira vez a barreira dos 10 mil membros com inscrição ativa.

As conclusões do estudo “Os Números da Ordem” mostram que há 1.509 médicos dentistas a exercer, exclusivamente, no estrangeiro e estimam que a exercer, exclusivamente, em Portugal sejam 9.385. Há ainda 327 médicos dentistas que trabalham em simultâneo em Portugal e no estrangeiro e 847 inscritos que não exercem a profissão.

O estudo “Os Números da Ordem” publicado anualmente traça o perfil da profissão em Portugal. A edição deste ano sofreu alterações de metodologia para acomodar a realidade da profissão. O bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, explica que “em anos recentes constatámos que um número estatisticamente relevante de médicos dentistas optou por manter a sua inscrição ativa na OMD ainda que a trabalhar no estrangeiro. Assim, e a partir desta edição, e com dados referentes a dezembro de 2018, passa a ser contabilizado o número de cédulas atribuído até ao final de cada ano e distinguindo o conceito de médico dentista com inscrição ativa na OMD, do de médico dentista a exercer a profissão em Portugal”.

No entanto, para melhor entender o que significam estes números para a realidade portuguesa, importa calcular o rácio de médicos dentistas que exercem em Portugal por número de habitantes. A Organização Mundial de Saúde recomenda, para os países ocidentais, um rácio de um médico dentista por mil e quinhentos a dois mil habitantes. No final do ano passado, no nosso país, havia um médico dentista a exercer a profissão para 1058 habitantes.

A distribuição geográfica dos médicos dentistas não é contudo homogénea, e tendo em conta o endereço profissional dos médicos dentistas, conclui-se que há regiões com um rácio bastante abaixo do recomendado, nomeadamente, a Área Metropolitana do Porto (668), Viseu Dão-Lafões (806), Região de Coimbra (814), Terras de Trás-os-Montes (829), Cávado (926) e Área Metropolitana de Lisboa (940). Já as regiões do Alentejo, Lezíria Central e Oeste são as que têm menos médicos dentistas com inscrição ativa, com destaque para o Baixo Alentejo onde há um médico dentista para 2.875 habitantes.
A compilação dos dados mostra que, no ano passado, inscreveram-se na Ordem 686 médicos dentistas. Do total de membros da OMD, 60,2% são mulheres e a média de idades dos médicos dentistas com inscrição ativa em Portugal é de 39 anos, sendo de referir que 74% dos membros com inscrição ativa têm até 45 anos.

A OMD tem membros com inscrição ativa de 46 nacionalidades, no entanto os médicos dentistas ativos de nacionalidade portuguesa representam 90,2% do universo total. Entre os médicos dentistas ativos de outras nacionalidades, destacam-se os brasileiros (498 no total, ou 4,7%), italianos (177 ou 1,7%) e espanhóis (138 ou 1,3%). De salientar que, nos últimos três anos, nota-se um aumento sobretudo de médicos dentistas de nacionalidade italiana (149,3%) e espanhola (112,3%).

O bastonário da OMD salienta que “embora o número de estudantes portugueses tenha decrescido face ao último ano, verifica-se que o número de estudantes de medicina dentária, no geral, aumentou 5,5%. Este número sustenta-se no forte aumento do número de estudantes estrangeiros, na casa dos 37,5%, demonstrantes de uma mudança de paradigma nas universidades. O reconhecimento internacional do ensino da medicina dentária em Portugal tem sido cada vez maior e muitos são os que escolhem o nosso país para fazer a sua formação de base, prevendo-se que regressem depois ao seu país de origem, não vindo a ser membros ativos da OMD a exercer no nosso país. O número de cédula profissional, nada tem a ver com o número de médicos dentistas ativos que por sua vez não correspondem ao número de médicos dentistas a exercer em Portugal. São três realidades diferentes”.

Orlando Monteiro da Silva destaca neste sentido “a assinatura recente de um documento estratégico de ação entre a OMD e as sete faculdades de medicina dentária do país. É um documento que contempla questões como a reestruturação curricular dos mestrados integrados, as saídas profissionais e a formação pós-graduada, que vai permitir considerar parâmetros de oferta e de procura de formação no que respeita à empregabilidade, particularmente, as especificidades da dinâmica do mercado português”.

Consulte o estudo Números da Ordem 2019.