Verificamos que a mobilidade no contexto europeu, que os nossos jovens em todas as áreas profissionais tão bem estão a aproveitar, tem na medicina dentária uma dimensão vanguardista.

Os nossos jovens médicos dentistas têm uma atitude aberta, cosmopolita e aproveitam em toda a linha as possibilidades que lhes são disponibilizadas na União Europeia, seja de mobilidade, de reconhecimento automático das suas qualificações e de exercício profissional.

Alguns destes jovens fizeram já parte daqueles que, ainda enquanto estudantes, usufruíram dos muitos programas de intercâmbio existentes. Da mesma forma que muitos completaram ou enriqueceram a sua formação em universidades de outros países, muitos foram, e são, os estudantes estrangeiros que procuraram, e continuam a procurar, as nossas universidades. O Programa Erasmus é reconhecidamente uma das maiores vitórias do projeto de construção europeia.

A grande maioria dos nossos jovens médicos dentistas sabem que somos membros de pleno direito da União Europeia.

Sabem que o horizonte é europeu e não apenas português, não se deixando acantonar numa visão paroquial, fechada, ressabiada, de alguns para quem o “orgulhosamente sós” ainda é a palavra de ordem.

A estes digo, “Wake Up”!

O mundo mudou.

De 2001 a esta parte, a profissão foi capaz de se adaptar e de vencer desafios tão
marcantes como:

  • a introdução do euro;
  • a globalização;
  • a revolução digital e das TIC.

Aumenta o número de médicos dentistas, mas aumenta ainda mais a procura de cuidados de saúde oral.

Recebemos e integramos profissionais de outras paragens, mas também passamos a aproveitar a livre circulação na UE. 20% dos nossos médicos dentistas exercem fora de Portugal, em particular na nossa casa comum, a Europa.

Saudavelmente inquietos, alguns buscam melhores condições de exercício e remuneratórias. Mas também muitos seguem apelos de afirmação, de carreira, de formação.

As sete faculdades que Portugal tem desde o século passado começaram igualmente a formar não apenas nacionais, mas alunos oriundos de variadas origens, como França, Itália e Espanha.

35% dos estudantes são estrangeiros e a tendência é de aumento.

Quem diria?

A casa já não é só portuguesa, com certeza. A casa comum é também europeia.

“(…) Onde Sancho vê moinhos*
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.”

Eu vejo médicos dentistas e uma medicina dentária gigantes.

O bastonário
Orlando Monteiro da Silva

* In poema Impressão Digital de António Gedeão

Editorial publicado originalmente na Revista OMD nº42 (julho 2019).