Em declarações à agência Lusa, o bastonário da OMD defendeu o investimento em políticas de prevenção e o alargamento do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO), mais conhecido por cheque-dentista, a crianças menores de seis anos.

A propósito de um estudo publicado na revista The Lancet, intitulado “Big Sugar and neglect by global health community fuel oral health crisis” (ver estudo – PDF), a agência de notícias questionou Orlando Monteiro da Silva acerca das conclusões do artigo, que refere que a saúde oral está há demasiado tempo separada da política global de saúde e que é preciso reforçar as medidas contra os fatores de risco. A este respeito, o bastonário considerou “inadmissível” que as políticas de saúde estejam mais viradas para o tratamento da doença.

Por outro lado, referiu mais uma vez que “a dentição temporária merece exatamente a mesma atenção do que a dentição definitiva”. “Quando se instala a cárie dentária na dentição de leite, ela vai-se transmitir para a dentição definitiva”, alertou, lembrando que, até aos seis anos, as crianças não têm acompanhamento sistemático em termos de saúde oral. Notou também que o cheque-dentista “elimina dos atos abrangidos a profilaxia, como o controlo da placa bacteriana e a higienização, as destartarizações e as limpezas fundamentais para a prevenção”. Relembrou ainda a necessidade de repor o corte do valor de que o cheque-dentista foi alvo no Governo anterior.

Os autores do referido estudo salientam que “as doenças orais apresentam um importante encargo para a saúde pública global, afetando 3,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo, porém a saúde oral tem sido amplamente ignorada pela comunidade de saúde mundial”.

Por isso, defendem uma reforma na área da medicina dentária e alertam para o seguinte: “Com um modelo de tratar a ter prioridade sobre a prevenção, a odontologia moderna não conseguiu combater o desafio global das doenças orais, dando origem a pedidos para uma reforma radical dos cuidados dentários”. Conclusões que vão de encontro aos alertas da OMD, no sentido de que a saúde oral “tem sido vista como se estivesse de fora, quando é parte integrante da saúde em geral”.

Os investigadores acrescentam que “a odontologia está em estado de crise” e que “a atenção odontológica atual e as respostas da saúde pública têm sido em grande parte inadequadas, injustas e caras, deixando milhões de pessoas sem acesso a cuidados básicos de saúde oral” em todo o mundo.

À Lusa, Orlando Monteiro da Silva fala do “passo positivo” dado em Portugal, de integração dos médicos dentistas nos centros de saúde, mas alega que “é preciso mais (está apenas em cerca de 100 centros de saúde”. Além disso, é necessário que estes profissionais vejam concretizada a respetiva carreira, que “está há mais de dois anos à espera nas Finanças para avançar”.

O bastonário conclui que o país continua a ter um índice de cobertura de saúde oral “quase terceiro mundista” e que o ensino da medicina dentária deveria estar mais vocacionado para a prevenção.

 

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