O gabinete de estatísticas da Comissão Europeia apresentou um estudo sobre a saúde geral das crianças europeias (acesso externo), que inclui informação sobre a saúde oral. O Eurostat conclui que Letónia (7,3%), Portugal (6%), Espanha e Roménia (ambas com 5,7%) são os países com maior percentagem de crianças com necessidades de cuidados médico-dentários.

Incapacidade de pagar o tratamento, longas listas de espera, distância até aos locais de tratamento ou falta de transporte para esses locais, ou a falta de tempo para cuidar dos membros da família devido ao trabalho são alguns dos motivos apontados pelos portugueses para justificar as ausências nas idas ao médico dentista.

As carências são maiores em crianças de famílias monoparentais (8,1%), quando comparadas com os lares em que vivem dois adultos (5,8%).

Embora o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO), conhecido por cheque-dentista, já tenha possibilitado o acesso de 3,8 milhões de utentes a consultas de medicina dentária, de acordo com o Eurostat, o país continua aquém da média europeia no que toca a cuidados prestados às crianças.

Recorde-se que o PNPSO abrange todas as crianças e jovens com particular ênfase nas de 7, 10, 13, 16 e, mais recentemente, 18 anos. No entanto, não chega a todas as crianças abaixo dos 7 anos, não contempla o tratamento dos dentes decíduos (de leite) na maior parte das situações e exclui os que frequentam escolas privadas sem contrato de associação.

Daí que a Ordem dos Médicos Dentistas defenda o alargamento do programa às crianças a partir dos dois anos. Uma solução que, segundo o bastonário Orlando Monteiro da Silva, “traz ganhos no futuro”, pois possibilita “o acesso a cuidados de saúde oral cada vez mais cedo, o que permite que sejam tratadas atempadamente e ensinadas a prevenir a doença”.

De notar ainda que o III Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais, apresentado em 2017 (acesso interno), mostra que 45% das crianças portuguesas têm cáries dentárias. O número tem vindo a diminuir desde que foi criado o cheque-dentista (em 2006, eram 49%) e, no caso dos jovens com 12 anos, o país até ultrapassou as metas da Organização Mundial de Saúde, previstas para 2020. Porém, no geral, o número continua acima do que seria desejado, o que tem motivado a OMD a defender a inclusão de mais crianças neste programa e cada vez mais cedo.