Sandra Almeida chegou há cerca de um ano ao Centro de Saúde da Moita, na margem Sul do Tejo, no âmbito da experiência-piloto de inserção de cuidados de medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Os primeiros pacientes da médica dentista eram pessoas com doenças ou graves. Com o alargamento, no início deste ano, a todos os utentes referenciados pelo médico de família, começaram a surgir as listas de espera.

Em declarações à Rádio Renascença, Sandra Almeida esclarece que “agora as listas de espera estão a crescer muito, porque os médicos de família estão a referenciar muito mais pacientes”. “A este ritmo, não vou conseguir atender toda a gente. Era urgente ter mais um dentista neste centro de saúde, que serve 22 mil utentes residentes numa área geográfica que vai de Pegões ao Barreiro”, alerta.

Para Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), será “muito muito difícil, por esta via, garantir que Portugal consiga deixar de ser o segundo país da União Europeia mais mal classificado em matéria de saúde oral”.

Em declarações à reportagem, recorda que “ainda estamos muito longe da média europeia porque temos dois estratos da população totalmente distintos”, ou seja, “um com capacidade económica e com informação, que acede à medicina dentária no setor privado.

Outra população, que é quase metade, que não tem capacidade económica e que vê a sua saúde oral muito comprometida”. Por outro lado, apesar de considerar a medida positiva, o bastonário lembra que estes profissionais têm contratos de um ano, sendo por isso urgente criar uma carreira para os médicos dentistas no serviço público.

Além disso, Orlando Monteiro da Silva nota que a atual solução não dará resposta às necessidades da população e explica porquê: “de acordo com as recomendações internacionais, o rácio deve ser de um dentista por 1.500 a 2.000 doentes, o que já é muito para uma população que tem tantas necessidades. Fazendo as contas, seriam precisos 6.500 dentistas no SNS, o que implicaria, só em vencimentos, uma despesa de 250 milhões de euros por ano. Isto sem contabilizar os assistentes dentários, que são obrigatórios, equipamentos e materiais”.

Para a OMD, a solução passará pelos “cerca de 6.500 consultórios existentes”, através de “outro tipo de acordos para que toda a população possa ter acesso a cuidados básicos de saúde oral”.

“Há várias fórmulas e nenhuma delas conflitua com as outras. Podemos ter centros de saúde com médicos dentistas, dentistas em alguns hospitais e um setor privado que possa, através de um seguro público, atender quem não tem meios para pagar”, propõe em declarações à Rádio Renascença.

Consulte a reportagem escrita no site da Rádio Renascença e veja a reportagem na íntegra no vídeo abaixo: