No Dia Mundial da Saúde Oral, este domingo, 20 de março, a Federação Dentária Internacional (FDI), numa iniciativa a que a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) se associa, chama a atenção para o facto de mais de 150 doenças poderem ser agravadas por doenças orais desde uma simples cárie até infeções bacterianas que podem alastrar a órgãos vitais.

Num estudo divulgado pela FDI, 40% dos inquiridos com doenças das gengivas sofriam de outras doenças crónicas.

A relação de patologias orais com doenças cardiovasculares, diabetes, infeções respiratórias, úlceras no estômago ou cancros como o oral, gástrico ou do pâncreas ou VIH/Sida é já reconhecida. Além disso, doenças periodontais, ou das gengivas, também podem estar associadas a casos de nascimentos prematuros e de recém-nascidos de baixo peso.

Orlando Monteiro da Silva, bastonário da OMD, salienta que “não há saúde sem saúde oral, mas infelizmente esta é uma realidade que ainda não é percecionada nem pela população nem pelos decisores. E pior é que não só não existe uma oferta de cuidados multidisciplinares integrada, como continuamos a gastar muito dinheiro no tratamento e a apostar pouco na prevenção”.

Para o bastonário da OMD “é imperativo que haja maior interligação entre os profissionais de saúde, e basta citar o caso dos diabéticos, que em Portugal são mais de um milhão, e das doenças periodontais ou das gengivas, cuja relação está amplamente demonstrada. O acompanhamento por um médico dentista dos diabéticos é essencial porque qualquer infeção na gengiva pode agravar substancialmente a diabetes”.

O acesso a cuidados de saúde oral em Portugal é restrito, com uma oferta residual no Serviço Nacional de Saúde para os adultos, o que dificulta ainda mais a ligação entre a saúde oral e a saúde em geral.

O Atlas da Saúde Oral compilado pela FDI mostra que em Portugal as crianças de 12 anos apresentaram, no período compreendido entre 1994 e 2014, uma melhoria significativa do número de cáries, sendo preocupante a expressão do cancro oral face aos restantes países Ocidentais.

Outro alerta do Atlas prende-se com as doenças periodontais, que em Portugal atingem 10 a 15% da população, uma percentagem mais elevada do que países como Espanha, França ou Reino Unido.