O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas visitou, a 16 de setembro, a Unidade de Saúde da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no Bairro da Liberdade, em Campolide. Orlando Monteiro da Silva fez-se acompanhar pelos médicos dentistas Ricardo Oliveira Pinto, vogal do Conselho Diretivo da OMD, e Sónia Araújo Santos, representante da Região Sul no Conselho Diretivo da OMD.

Esta unidade, a funcionar desde julho do ano passado, inaugurou este ano, em fevereiro, o Serviço de Estomatologia, que conta já com cerca de 400 utentes e realizou aproximadamente 1.100 consultas. A unidade de saúde conta com o apoio de 12 profissionais, entre eles dois médicos dentistas e uma higienista oral.

As consultas, tal como em todas as especialidades nesta unidade, são completamente gratuitas.

André Brandão de Almeida, médico dentista desta unidade da Santa Casa, explica que, “materializando a missão da Misericórdia de Lisboa, esta unidade de saúde desenvolve a sua atividade numa lógica de proximidade assegurando à população alvo, os cuidados de saúde essenciais e adequados para uma melhoria do estado global de saúde. E a saúde oral, aqui, não fica “de fora”. O serviço de estomatologia é de um valor extraordinário para os nossos utentes, mas também se pode afirmar como um exemplo para que outros organismos, nomeadamente o estado, possam “beber” da nossa experiência e cumprir um pilar fundamental do nosso serviço nacional de saúde, a universalidade, gratuitidade e equidade no seu acesso, de onde a saúde oral tem sido excluída”.


Reunião de trabalho prévia à visita com Helena Lopes da Costa (Administradora Executiva pela área da Saúde da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa), João Batista da Silva (diretor clínico), Ana Teixeira Santos (subdiretora) e André Brandão Almeida (médico dentista na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa).

A Unidade de Saúde da Liberdade nasceu num dos bairros mais problemáticos de Lisboa, num espaço cedido pelo Centro Social Paroquial de São Vicente de Paulo para atender uma população onde predominam idosos e desempregados com carências socioeconómicas graves.

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, sublinha que “este serviço é verdadeiramente inovador e sobretudo essencial. A saúde oral é parte integrante da saúde em geral e tem sido descurada no Serviço Nacional de Saúde, com graves danos para os portugueses, sobretudo para os mais carenciados. É a população mais pobre que está privada do acesso a consultas de medicina dentária. Os problemas de saúde oral agravam doenças como a diabetes e problemas cardiovasculares, que são, infelizmente, demasiado comuns entre os nossos idosos. É por isso de louvar iniciativas como esta da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que garantem tratamentos orais que de outra forma não seriam feitos”.

Integrado na freguesia de Campolide, o Bairro da Liberdade, onde funciona esta nova unidade, tem uma população de aproximadamente 7.500 pessoas, muitas delas indocumentadas, além de famílias carenciadas e em risco.

Para além do serviço de estomatologia, a unidade da Liberdade disponibiliza cuidados em Planeamento Familiar, Saúde Materna, infantil e juvenil, do adolescente, do adulto e do idoso, bem como serviços de fisioterapia assegurados pelo Centro Paroquial de São Vicente de Paulo.

 

 


André Brandão de Almeida, médico dentista no serviço de estomatologia da USSC Liberdade e USSC Domingos Barreiro, da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa.

 

A USSC da Liberdade está inserida num dos bairros mais carenciados de Lisboa, com uma população que ascende as 7 mil pessoas. Qual o interesse social deste projeto em particular e o que motivou a criação de um serviço com especialidades de difícil acesso no SNS, como é o caso da medicina dentária?

ABA – Materializando a missão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, as Unidades de Saúde desenvolvem a sua atividade numa lógica de proximidade e de apoio aos mais carenciados. Assim, assegurar à população alvo, os cuidados de saúde essenciais e adequados para uma melhoria do estado global de saúde é o seu maior desiderato. Para tal, as Unidades estão localizadas preferencialmente nas zonas de maior pobreza e exclusão social da cidade de Lisboa, que é o caso da nossa Unidade no bairro da Liberdade O que motivou naturalmente, foi cumprir este desiderato, neste caso melhorar as condições de saúde, conforto e autoestima da população deste bairro, mas também, e de alguma maneira, poder contribuir como experiência para uma futura aplicação ao todo nacional, quer ao nível do SNS, quer na ampla rede de misericórdias que o país dispõe, podendo dessa forma afirmar-se como um exemplo para que outros organismos, nomeadamente o estado, possam “beber” da nossa experiência e ajudar a cumprir os pilares fundamentais do nosso serviço nacional de saúde: a universalidade, a gratuitidade e a equidade no seu acesso, de onde a saúde oral tem sido excluída.

 

A próxima edição da Revista da OMD publicará um trabalho mais extenso sobre este projeto e a entrevista completa com o médico dentista André Brandão de Almeida.