O relatório da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico – “Health at a Glance — Europe 2014” (PDF) divulgado esta semana revela que os portugueses são dos europeus que mais se queixam de necessidades de cuidados dentários não satisfeitas.

Entre os 35 países analisados pelo relatório, incluindo todos os estados-membros da União Europeia, e em relação às queixas sobre cuidados de saúde oral, a par de Portugal estão países como a Roménia, a Bulgária e a Itália. A OCDE sublinha ainda no seu relatório as desigualdades, incluindo em Portugal, no acesso a cuidados de saúde oral entre as classes sociais mais altas e as mais baixas.

O relatório elaborado com dados de 2012 é já um indicador para as conclusões do Barómetro Nacional da Saúde Oral, promovido pela OMD e realizado pela primeira vez este verão, e que recolheu dados com validade estatística em todo o País, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira. As conclusões do Barómetro revelam que 20,9% dos portugueses diminuiu o número de visitas ao médico dentista nos últimos 12 meses, sendo as dificuldades económicas o principal motivo para esta redução.

Mais abrangente que o trabalho da OCDE no capítulo da saúde oral, o Barómetro da OMD permitiu aferir que 8,3% dos portugueses nunca foram a uma consulta de medicina dentária e que apenas 10,2% dos portugueses recorrem ao Serviço Nacional de Saúde quando precisam de cuidados de saúde oral.

As conclusões do relatório da OCDE mostram ainda que em 2012 os cuidados de saúde foram responsáveis por 4,7% do total da despesa direta dos portugueses com bens e serviços. A quarta percentagem mais alta entre os 28 países da União Europeia e muito acima da média de 2,9% dos 28.

Este peso que o custo com o sector da saúde assume para as famílias portuguesas justifica-se porque Portugal é um dos países em que o pagamento direto das famílias com serviços de saúde é dos mais elevados, correspondendo a 31,7% do financiamento total das despesas com saúde, muito acima da média de 21,3% da União Europeia.

As contas da OCDE mostram ainda que no conjunto dos 28, foi em Portugal que as despesas diretas das famílias mais aumentaram (4,5%).

Ainda assim, o relatório da OCDE conclui que na autoperceção do estado de saúde, Portugal continua nos piores lugares com menos de metade dos portugueses a considerarem “boa” ou “muito boa” a sua situação clínica. Pior do que Portugal só a Letónia, a Croácia e a Lituânia.