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Fátima Vitorino
Universidade do Porto
Descrição do caso clínico
Criança de 5 anos, sexo feminino, antecedentes de varicela e sem patologias conhecidas, recorre a consulta de rotina. A gravidez decorreu sem intercorrências e sem necessidade de administração de fármacos. Ao exame clínico, detetaram-se lesões de hipoplasia de esmalte (HE) em 6 dos 20 dentes temporários. Radiograficamente, observou-se diminuição da espessura de esmalte em alguns dos dentes afetados. Efetuou-se aplicação tópica de flúor e agendou-se consulta de controlo a cada 3 meses.
Discussão
HE define-se como uma formação incompleta ou defeituosa na matriz orgânica, conduzindo a uma diminuição da quantidade de esmalte. Na dentição temporária, a etiologia abrange fatores genéticos, sistémicos e ambientais, que ocorreram no período pré-natal ou durante a primeira infância. Pode afetar apenas um, vários ou todos os dentes. Atinge mais frequentemente a dentição permanente, mas também pode atingir a dentição temporária. O esmalte apresenta-se com espessura irregular, podendo-se notar depressões na sua superfície e a cor pode variar de normal a branco ou amarelado. Além das alterações estéticas, pode ser responsável por risco aumentado de cárie e por sensibilidade dentária. É necessário efetuar o diagnóstico diferencial entre HE e outros defeitos de desenvolvimento de esmalte, nomeadamente, opacidades difusas, fluorose, hipomineralização de esmalte e amelogénese imperfeita.
Conclusões
Aponta-se a relevância do acompanhamento da grávida e da criança durante a primeira infância pelo odontopediatra, para prevenir fatores de risco/etiológicos de HE na dentição temporária, dada a sua importância funcional e estética. De acordo com a gravidade das lesões de HE, deverão implementar-se intervenções preventivas.