Caracterização de uma população de 222 pacientes com Síndrome de boca ardente

Póster > Investigação > Patologia Oral

Hall dos Pósteres – 12 novembro, 14h30 – 15h30 – Ordem nº 61

Inês Henriques

Inês Lourenço Cardoso
Pedro F. Trancoso
António Mano Azul
Luís Proença

O Síndrome de boca ardente (SBA) caracteriza-se por sensação de ardor/queimadura na mucosa oral, sem fator etiológico local ou sistémico demonstrável, com um impacto negativo na vida dos doentes, com prevalência descrita entre 0,7-12,2%.

Caracterizar uma população com SBA numa consulta de Medicina oral em Portugal comparando com a bibliografia.

Estudo retrospetivo, observacional, transversal e comparativo. Foram analisadas 11300 fichas-clínicas caracterizando-se os doentes por grupos-etários (8,1% ≤44 anos; 37,4% 45-64 anos; 48,2% 65-84 anos; 6,3%≥85 anos), género, atraso no diagnóstico, especialidades consultadas, sintomatologia e localização, entre outros. Foi efetuada a análise estatística descritiva e inferencial (teste do qui-quadrado, nível de significância 5%).

Identificaram-se 222 doentes com SBA (fem=85% e masc=15%) (ρ<0,05). Nos doentes ≥45 anos o atraso médio no diagnóstico foi ≥2anos; nos ≤44anos o atraso foi <6 meses em 89%. Estes dados são compatíveis com mais especialidades consultadas/ exames efetuados nos grupos ≥45 e 65-84 anos. Os sintomas são referidos sobretudo na língua, palato duro e lábio inferior independentemente dos grupos. Há cancerofobia significativa nos grupos 45-64anos e 65-84 anos (30%, 52% respetivamente).

Neste estudo, o SBA afeta maioritariamente mulheres acima dos 45 anos, existe um considerável atraso no diagnóstico da doença, com consultas/ medicação/ exames auxiliares múltiplos desnecessários. O rápido diagnóstico é imprescindível para o tratamento e qualidade de vida destes doentes e para a redução dos custos associados.

O nosso estudo demonstra ser indispensável informar a comunidade médica portuguesa sobre esta doença e as suas características de forma a que estes doentes sejam tratados de forma eficaz em tempo útil.

Palavras-chave

Patologia; queimadura; dor; língua; síndrome da boca ardente