Carcinoma da nasofaringe e parestesia labial: importância do exame aos nervos cranianos

Comunicação oral > Casos clínicos > Patologia Oral

Auditório IV – 12 novembro, 14h50 – Ordem nº 09

Carolina Venda Nova

Tim Hodgson

O diagnóstico do carcinoma da nasofaringe representa um desafio por ser um tumor raro e por ter uma apresentação clínica inespecífica.

O presente caso clínico descreve um paciente do sexo masculino, 74 anos de idade, com história de parestesia labial unilateral com duração de 6 meses. Numa consulta de Medicina Oral, queixou-se de parestesia e dormência no queixo e lábios, dor unilateral na região periauricular e pescoço do lado direito, acompanhado de obstrução nasal e zumbido à direita. O exame extra oral revelou a presença de um nódulo doloroso, fusiforme e não fixo de 20mmx10mm na região preauricular direita e uma massa de 50mm no lado direito do pescoço.

Ao exame neurológico dos pares cranianos verificou-se ausência de resposta ao estimulo tátil superficial ou doloroso no lado inferior direito da face, sugestiva de uma alteração neurosensorial na divisão mandibular do nervo trigémio. A ressonância magnética demonstrou a presença de uma massa de características malignas que infiltrava o lóbulo profundo da parótida, o espaço mastigador direito e o espaço para-faríngeo, com envolvimento perineural em V3. A histopatologia da lesão confirmou o diagnóstico de carcinoma da nasofaringe.

Este caso chama a atenção para a importância da realização do exame neurológico aos nervos cranianos durante a avaliação clínica por Médicos Dentistas, em particular quando existem sintomas orofaciais como dor ou parestesia. Uma alteração no exame neurológico é um sinal de alerta para a possibilidade de uma patologia grave e necessidade de investigação e diagnóstico adicionais.